São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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CARDÁPIO DE RISCO

Segundo a polícia, alimentos iriam receber nova data de validade para serem vendidos na periferia de Manaus

Grupo é acusado de vender comida vencida

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Polícia Militar apreendeu 170 toneladas de alimentos vencidos, em Manaus (AM). Segundo a polícia, os alimentos, como iogurtes, queijo, presunto, arroz, feijão e farinha, iriam receber uma nova data de validade para que pudessem voltar às prateleiras de mercados na periferia. Quatro pessoas foram presas acusadas de crime contra a saúde pública, cuja pena é de quatro a oito anos de prisão.
Os alimentos, apreendidos desde o dia 29, estavam em cinco depósitos já interditados pela Vigilância Sanitária. O órgão informou que nos depósitos havia alimentos vencidos desde 2002.
O delegado responsável pelo caso, Alfredo Dabella, investiga também crimes de receptação e contrabando, já que um dos presos contou que foi a uma grande distribuidora da cidade para receber uma carga de alimentos vencidos. Dentro de um dos depósitos foram encontradas caixas de jogos eletrônicos com inscrição de notas fiscais de um hipermercado da cidade.
Em depoimento, um dos presos afirmou que falsificava as datas para que os produtos fossem revendidos com preços mais baixos em feiras e em mercados da periferia. "Sou analfabeto e não posso dizer se é errado ou certo [mudar a validade], achava que a comida era boa", disse ontem Jérbison Carneiro, 23. Ele afirmou que foi contratado por R$ 15 ao dia para mudar as validades.
O caso foi descoberto após PMs flagrarem Carneiro e Francisco Alves da Silva, 37, apagando as datas de validade com acetona.

Fraude
Com material de serigrafia e carimbos, os dois imprimiam outras datas nos produtos.
Miguel Pereira da Silva, 66, dono dos depósitos, e o vendedor Manoel Ademilton Gomes de Souza, 30, também foram presos.
À Folha, o comerciante Miguel Silva disse que os produtos apreendidos, incluindo materiais de limpeza e construção, além de jogos eletrônicos, pertenciam a um comerciante que foi para o Ceará. "Não sei de nada, só falo em juízo", disse.
Souza e Silva não quiseram conversar com a reportagem. Em depoimento, Alves da Silva disse que foi contratado para mudar as datas, e Souza afirmou não ter envolvimento no caso.


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