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CARDÁPIO DE RISCO
Segundo a polícia, alimentos iriam receber nova data de validade para serem vendidos na periferia de Manaus
Grupo é acusado de vender comida vencida
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Polícia Militar apreendeu 170
toneladas de alimentos vencidos,
em Manaus (AM). Segundo a polícia, os alimentos, como iogurtes,
queijo, presunto, arroz, feijão e farinha, iriam receber uma nova data de validade para que pudessem
voltar às prateleiras de mercados
na periferia. Quatro pessoas foram presas acusadas de crime
contra a saúde pública, cuja pena
é de quatro a oito anos de prisão.
Os alimentos, apreendidos desde o dia 29, estavam em cinco depósitos já interditados pela Vigilância Sanitária. O órgão informou que nos depósitos havia alimentos vencidos desde 2002.
O delegado responsável pelo caso, Alfredo Dabella, investiga
também crimes de receptação e
contrabando, já que um dos presos contou que foi a uma grande
distribuidora da cidade para receber uma carga de alimentos vencidos. Dentro de um dos depósitos foram encontradas caixas de
jogos eletrônicos com inscrição
de notas fiscais de um hipermercado da cidade.
Em depoimento, um dos presos
afirmou que falsificava as datas
para que os produtos fossem revendidos com preços mais baixos
em feiras e em mercados da periferia. "Sou analfabeto e não posso
dizer se é errado ou certo [mudar
a validade], achava que a comida
era boa", disse ontem Jérbison
Carneiro, 23. Ele afirmou que foi
contratado por R$ 15 ao dia para
mudar as validades.
O caso foi descoberto após PMs
flagrarem Carneiro e Francisco
Alves da Silva, 37, apagando as
datas de validade com acetona.
Fraude
Com material de serigrafia e carimbos, os dois imprimiam outras datas nos produtos.
Miguel Pereira da Silva, 66, dono dos depósitos, e o vendedor
Manoel Ademilton Gomes de
Souza, 30, também foram presos.
À Folha, o comerciante Miguel
Silva disse que os produtos
apreendidos, incluindo materiais
de limpeza e construção, além de
jogos eletrônicos, pertenciam a
um comerciante que foi para o
Ceará. "Não sei de nada, só falo
em juízo", disse.
Souza e Silva não quiseram conversar com a reportagem. Em depoimento, Alves da Silva disse
que foi contratado para mudar as
datas, e Souza afirmou não ter envolvimento no caso.
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