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Prefeitura destrói calçada projetada por Lina Bo Bardi
Paralelepípedos que cobriam 70 m em frente ao Sesc Pompéia foram arrancados
Direção do Sesc reclama e afirma que não foi avisada;
prefeitura recua e diz que vai refazer trecho dentro da concepção original do piso
FILIPE MARCEL
RICARDO VIEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Parte do projeto idealizado
pela arquiteta Lina Bo Bardi
(1914-1992), as calçadas em
frente ao Sesc Pompéia, na rua
Clélia (zona oeste de SP), foram
destruídas -sem o conhecimento prévio da entidade- por
funcionários da prefeitura.
Os paralelepípedos antigos
foram arrancados para dar lugar às lajotas cinza e vermelhas
intertravadas que fazem parte
do calçamento padronizado pela prefeitura e já implantado
em várias ruas da cidade.
Os blocos de ardósia cinza
que atravessam o Sesc de ponta
a ponta foram serrados na divisa com a calçada. No lugar, os
responsáveis pela obra espalharam, na noite de anteontem,
uma mistura de concreto com
pedregulhos, o que acabou
atrapalhando a passagem de
pedestres e cadeirantes.
A direção do Sesc reclamou.
"A gente amanheceu com a calçada quebrada", disse o diretor
regional em exercício do Sesc,
Luiz Galina. Segundo ele, foi
preciso ser feito às pressas um
piso provisório para que seus
cerca de 5.000 freqüentadores
pudessem entrar no prédio.
Agora, a prefeitura, que quebrou os cerca de 70 metros de
calçada na madrugada de 30 de
dezembro, decidiu refazer todo
o trabalho -vai manter os paralelepípedos.
O assistente técnico de obras
da prefeitura Ângelo Mellio
disse que a determinação de reconstruir a calçada na mesma
concepção do projeto original é
do secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo.
Mellio, porém, diz que serão
feitas adaptações no calçamento, para melhorar a acessibilidade. "Trocamos o piso de prédios tombados na avenida Paulista. O objetivo principal [da
padronização das calçadas] é
garantir a acessibilidade."
O Sesc Pompéia, porém, diz
que o terreno já era inclinado e
que uma trilha de ardósia assegurava a acessibilidade dos cadeirantes -não havia, segundo
a entidade, necessidade de mudar nada na calçada.
Mellio reconheceu que pode
ter havido uma falha pelo fato
de o Sesc não ter sido avisado
da obra. "O usual é avisar o proprietário da calçada de que ela
será reformada."
Ele também admitiu que foi
um "equívoco" da prefeitura
ter feito a obra no período de
festas, época em que o Sesc
Pompéia fica ainda mais cheio.
Segundo o assistente técnico,
não é possível estimar quanto a
prefeitura irá gastar com a reforma da calçada. Ele diz apenas que "não haverá muita diferença de custo".
A reforma do restante das
calçadas da região continua
inalterada -e deverá estar concluída em 30 dias.
O arquiteto Marcelo Carvalho Ferraz, que participou do
projeto inicial da calçada, considera que Lina Bo Bardi conseguiu "realçar a arquitetura do
Sesc Pompéia". Ele acha louvável a iniciativa da prefeitura de
padronizar os calçamentos,
mas considera que essa calçada
deveria ser mantida, principalmente por fazer parte da arquitetura do prédio.
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