|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Foco
Aos 85, viúvo se forma em faculdade de direito para
superar a morte da mulher
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Seria convencional a formatura do aluno de direito Valério Galeazzi hoje, em Canoas
(RS), não fosse um detalhe: ele
é 60 anos mais velho do que
muitos de seus colegas. Galeazzi nasceu em Araraquara,
interior de São Paulo, em 1922
-faz 86 anos amanhã. Mudou-se para o Rio Grande do Sul ao
conhecer uma gaúcha.
A morte dela, em 2000, após
58 anos de casamento, deixou-o desorientado. "Fiquei um
ano e meio meio parado", conta Galeazzi. Incentivado pelo
neto, ele resolveu entrar no
curso de direito da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil),
por um programa especial para a terceira idade.
O curso, afirma, era um objetivo desde a juventude,
abandonado depois que a vida
profissional o levou para a
área de contabilidade.
O coordenador do curso,
Maurício Góes, o aponta como
um aluno dedicado. Quando se
formar, porém, ele não se anima com a perspectiva de voltar a trabalhar -"Não sei se a
minha idade vai recomendar."
Por via das dúvidas, já se inscreveu para o exame da OAB
(Ordem dos Advogados do
Brasil), que habilita bacharéis
a exercerem a advocacia, e
pensa em emendar uma pós-graduação em direito do trabalho. "Ele é um guri de 85
anos", diz Vanessa Ribeiro
Mansson, 38, sua melhor amiga da faculdade e companheira
de churrascos.
Galeazzi não quer ser exemplo para a sua geração, mas, sim,
para os mais jovens. "Muitos
que têm condições ficam o dia
todo sem fazer nada."
Texto Anterior: Veja o que muda na programação de cinema Próximo Texto: Às escuras: Pane deixa 20 mil imóveis sem energia no centro de SP Índice
|