São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Foco

Aos 85, viúvo se forma em faculdade de direito para superar a morte da mulher

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Seria convencional a formatura do aluno de direito Valério Galeazzi hoje, em Canoas (RS), não fosse um detalhe: ele é 60 anos mais velho do que muitos de seus colegas. Galeazzi nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, em 1922 -faz 86 anos amanhã. Mudou-se para o Rio Grande do Sul ao conhecer uma gaúcha.
A morte dela, em 2000, após 58 anos de casamento, deixou-o desorientado. "Fiquei um ano e meio meio parado", conta Galeazzi. Incentivado pelo neto, ele resolveu entrar no curso de direito da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), por um programa especial para a terceira idade.
O curso, afirma, era um objetivo desde a juventude, abandonado depois que a vida profissional o levou para a área de contabilidade.
O coordenador do curso, Maurício Góes, o aponta como um aluno dedicado. Quando se formar, porém, ele não se anima com a perspectiva de voltar a trabalhar -"Não sei se a minha idade vai recomendar."
Por via das dúvidas, já se inscreveu para o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que habilita bacharéis a exercerem a advocacia, e pensa em emendar uma pós-graduação em direito do trabalho. "Ele é um guri de 85 anos", diz Vanessa Ribeiro Mansson, 38, sua melhor amiga da faculdade e companheira de churrascos.
Galeazzi não quer ser exemplo para a sua geração, mas, sim, para os mais jovens. "Muitos que têm condições ficam o dia todo sem fazer nada."


Texto Anterior: Veja o que muda na programação de cinema
Próximo Texto: Às escuras: Pane deixa 20 mil imóveis sem energia no centro de SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.