São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

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Yara Ramos e a morte na praia da santa

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

E lá se iam 50 dos 79 anos de Yara Therezinha Gonçalves Ramos passados na praia de Santa Therezinha (RS), lugar que lhe era especial porque seu nome, ela bem o sabia, fora homenagem à santa -que batizava a praia onde a mãe comprara a casa de veraneio. Esse ano não seria diferente. Mas o imprevisível acabou acontecendo.
Gaúcha do bairro da Tristeza - segundo um cronista gaúcho, "um bairro alegre por todas as tradições e estranhamente triste pelo nome"-, dona Yara era uma apaixonada pela vizinhança. Tanto que havia uns dez anos que trocara de bairro, mas seguia indo à igreja, todo domingo, no mesmo Tristeza que a vira nascer.
A família "sempre teve condições", mas Yara não estudou muito, "porque não se estudava naquela época". Casada, foi sempre dona-de-casa, dedicada à única filha e orgulhosa pelas conquistas dos netos -os dois formados e viajando pelo mundo.
Naquele dia 31, a família fazia o ritual de sempre. Estavam todos no quintal da casa de veraneio da praia com o nome da santa, "brindando, ainda com os copos na mão" -quando um tipo de fogo de artifício, em plena virada de ano, veio do céu e atingiu a cabeça de Yara.
Antes de chegar ao hospital, ali mesmo onde passara seus 50 Réveillons, em Imbé (RS), Yara morreu.


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