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Yara Ramos e a morte na praia da santa
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
E lá se iam 50 dos 79 anos
de Yara Therezinha Gonçalves Ramos passados na praia
de Santa Therezinha (RS),
lugar que lhe era especial
porque seu nome, ela bem o
sabia, fora homenagem à
santa -que batizava a praia
onde a mãe comprara a casa
de veraneio. Esse ano não seria diferente. Mas o imprevisível acabou acontecendo.
Gaúcha do bairro da Tristeza - segundo um cronista
gaúcho, "um bairro alegre
por todas as tradições e estranhamente triste pelo nome"-, dona Yara era uma
apaixonada pela vizinhança.
Tanto que havia uns dez anos
que trocara de bairro, mas
seguia indo à igreja, todo domingo, no mesmo Tristeza
que a vira nascer.
A família "sempre teve
condições", mas Yara não estudou muito, "porque não se
estudava naquela época".
Casada, foi sempre dona-de-casa, dedicada à única filha e
orgulhosa pelas conquistas
dos netos -os dois formados
e viajando pelo mundo.
Naquele dia 31, a família
fazia o ritual de sempre. Estavam todos no quintal da
casa de veraneio da praia
com o nome da santa, "brindando, ainda com os copos
na mão" -quando um tipo
de fogo de artifício, em plena
virada de ano, veio do céu e
atingiu a cabeça de Yara.
Antes de chegar ao hospital, ali mesmo onde passara
seus 50 Réveillons, em Imbé
(RS), Yara morreu.
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