São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2009

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LUÍS CUNHA PINHEIRO (1986-2008)

Gaguinho e as toadas no Maranhão

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

No coração de São Luís, no bairro Madre de Deus, ainda pulsam as tradições folclóricas do Maranhão -de lá vem o "mais antigo" grupo de bumba-meu-boi da ilha, batizado com o nome do lugar.
Pois foi no Madre de Deus (bairro e grupo) que Gaguinho deixou de gaguejar, mas só para cantar as toadas que o fizeram conhecido entre os velhos cantadores do lugar.
As brincadeiras logo o apelidaram, mas Gaguinho "já era de cantar toada do boi pela rua, com a inspiração que vinha na cabeça". Quem diz é o ex-diretor do Madre de Deus, que o viu despontar no mirim e o levou, aos 19 anos, para cantar entre os idosos do grupo. "Só não gaguejava para cantar."
Chamava a atenção, diz o amigo, quando punha a camisa amarela, a calça branca de listras vermelhas e o chapéu amarelo com o nome marcado (tudo coberto de lantejoulas e canutilhos) e se punha a cantar (a matraca na mão), iluminado pela fogueira de são João.
Casado, tinha um filho, trabalhava em uma loja de R$ 1,99 e cantava. Gostava, verdade, de uma pelada ou cervejinha entre amigos -sempre, no peito, o são João, de quem era devoto.
Na manhã de domingo, esperava o ônibus na calçada, quando um carro o atropelou. Morreu, aos 22 anos. E foi enterrado ao som de suas toadas, do pandeiro e da matraca; só não o foi com a colorida roupa de festa. "A família preferiu guardar para sempre a lembrança dele."

obituario@folhasp.com.br

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