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LUÍS CUNHA PINHEIRO (1986-2008)
Gaguinho e as toadas no Maranhão
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
No coração de São Luís, no
bairro Madre de Deus, ainda
pulsam as tradições folclóricas do Maranhão -de lá vem
o "mais antigo" grupo de
bumba-meu-boi da ilha, batizado com o nome do lugar.
Pois foi no Madre de Deus
(bairro e grupo) que Gaguinho deixou de gaguejar, mas
só para cantar as toadas que
o fizeram conhecido entre os
velhos cantadores do lugar.
As brincadeiras logo o apelidaram, mas Gaguinho "já
era de cantar toada do boi pela rua, com a inspiração que
vinha na cabeça". Quem diz é
o ex-diretor do Madre de
Deus, que o viu despontar no
mirim e o levou, aos 19 anos,
para cantar entre os idosos
do grupo. "Só não gaguejava
para cantar."
Chamava a atenção, diz o
amigo, quando punha a camisa amarela, a calça branca
de listras vermelhas e o chapéu amarelo com o nome
marcado (tudo coberto de
lantejoulas e canutilhos) e se
punha a cantar (a matraca na
mão), iluminado pela fogueira de são João.
Casado, tinha um filho,
trabalhava em uma loja de
R$ 1,99 e cantava. Gostava,
verdade, de uma pelada ou
cervejinha entre amigos
-sempre, no peito, o são
João, de quem era devoto.
Na manhã de domingo, esperava o ônibus na calçada,
quando um carro o atropelou. Morreu, aos 22 anos. E
foi enterrado ao som de suas
toadas, do pandeiro e da matraca; só não o foi com a colorida roupa de festa. "A família preferiu guardar para
sempre a lembrança dele."
obituario@folhasp.com.br
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