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GUERRA URBANA
Acidente ocorreu durante operação em Santo Amaro; motorista diz que foi perseguido, mas GCM nega
Perueiro mata 3 e fere 11 ao fugir de blitz
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Perua clandestina envolvida no acidente que deixou três mortos após fugir de blitz na rua São Benedito, em Santo Amaro (zona sul) |
ALESSANDRO SILVA
MARCELO OLIVEIRA
SÍLVIA CORREA
da Reportagem Local
A guerra entre fiscais da Prefeitura de São Paulo e perueiros
clandestinos provocou ontem a
morte de três passageiros de lotação e deixou 11 feridos.
O motorista da lotação, Thomaz Edson Munhoz Martins, 22,
fugia de uma blitz dos fiscais municipais e da GCM (Guarda Civil
Metropolitana) quando bateu a
perua em um Santana. O veículo
tombou e bateu em uma árvore.
O acidente aconteceu no cruzamento das ruas São Benedito e Irineu Marinho, por volta das 9h,
em Santo Amaro (zona sul). No
momento, 300 homens da GCM
faziam uma blitz na zona sul para
recolher peruas clandestinas.
Foi o pior incidente desde que
os perueiros declararam guerra à
fiscalização municipal, acirrada
no último dia 20, quando o custo
para liberação de lotações apreendidas aumentou dez vezes.
A lotação transportava 13 pessoas, incluindo o motorista e o cobrador -três a mais do que sua
capacidade. Segundo a polícia, o
acidente aconteceu porque Martins não respeito a preferencial da
rotatória (veja quadro).
O motorista afirma que estava
sendo perseguido pela GCM e,
por isso, acelerou e avançou o
cruzamento. O comando da guarda nega, afirmando que o perueiro se assustou ao passar perto de
um bloqueio (leia texto abaixo).
Há testemunhas que sustentam
ambas as versões.
Morreram no local o metalúrgico Aparecido Ribeiro Martins, 51,
a mulher dele, Luzia Martins, 50,
e Maria do Carmo Martins, de
aproximadamente 50 anos.
Dos 11 feridos, além do motorista e do cobrador da perua, oito
também eram passageiros da lotação -pelo menos dois deles estão em estado grave. A 11ª é a economista norte-americana Tina
Marie Montana, 31, que dirigia o
Santana e está grávida.
Desvio
A perua de Martins já estava fora de seu itinerário -Jardim Ingá-metrô São Judas. Para desviar
dos bloqueios, ela seguia por uma
rota alternativa usada pelas lotações para escapar das blitze.
Preso no local, o perueiro foi indiciado sob acusação de triplo
homicídio doloso (com intenção), lesões corporais e exercício
ilegal da profissão. Ontem, estava
detido no 11º DP (Santo Amaro).
Deficiente auditivo -ele não
ouve com o ouvido esquerdo-,
Martins não tinha autorização
para dirigir veículos de transporte de passageiros. O aviso está na
carteira de habilitação dele
-uma licença provisória.
No local do acidente, a Polícia
Civil teve de intervir para impedir
o confronto entre perueiros e
guardas-civis da prefeitura.
O Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) isolou a área e dispensou a GCM.
Moradores e perueiros vaiaram
os guardas-civis e os chamaram
de assassinos, afirmando que a
guarda algemou o motorista antes de socorrer as vítimas.
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