da Sucursal do Rio

free-lance para a Folha Uma praça sem nome é a fronteira que separa Nova Holanda e a Baixa do Sapateiro, áreas em guerra pelos pontos-de-venda de drogas. Atravessar para o lado rival é ao mesmo tempo um desafio e um risco.
Ontem, o clima era de tensão na Nova Holanda. Houve um princípio de tumulto quando a PM prendeu um rapaz que discutia com jovens moradores do "outro lado". "É uma guerra, é uma guerra, eles vieram aqui e mataram, agora vão morrer também", disse Alex da Silva, 22.
O Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Samora Machel, dentro da favela, permaneceu fechado. Mães que foram ao Ciep em busca de informações tiveram que voltar para casa. Mesmo no período escolar, os tiroteios muitas vezes provocam a suspensão das aulas.
Vanessa da Silva estava em casa vendo TV quando ouviu os tiros. Seu irmão Alexandre Magno estava na laje de casa "vendo o movimento da rua". Foi morto.
Vanessa disse que o irmão trabalhava vendendo mel na Ceasa e não era do tráfico. "Matam e agora ainda dizem que ele é traficante", afirmou.

Culpa
Reginaldo Costa Oliveira, 34, cunhado da vítima Luís Carlos Araújo, culpou o governo pela violência na favela. "Pagamos a polícia para ela não fazer nada."
Oliveira disse que o cunhado era garçom e estava desempregado. Segundo ele, Araújo saíra de casa momentos antes da chacina para comprar cigarros. "Pediram para ele correr, e ele obedeceu. Foi uma covardia", afirmou.
Márcia dos Santos estava em casa vendo TV quando começou o tiroteio. Assustada, ela esperou terminar a confusão e soube que o irmão, Marco Antônio dos Santos, morrera. Segundo Márcia, seu irmão trabalhava como ajudante de caminhoneiro e não era do tráfico.
A 21ª Delegacia Policial, de Bonsucesso, informou que Marco Antônio dos Santos foi preso duas vezes sob acusação de roubo e era gerente do tráfico. (FE e FP)


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