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Governo prevê corte de até R$ 1 bilhão
Redução nas despesas seria necessária para equilibrar as contas, pois parte da arrecadação prevista não deverá acontecer
Segundo tucanos, Serra
não sabia previamente
que o contingenciamento
de verbas iria atingir as universidades estaduais
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo terá
de cortar pelo menos R$ 600
milhões em despesas para
manter o equilíbrio de suas
contas neste ano. A área técnica
do governo trabalha com uma
estimativa de déficit (gasto superior à capacidade de arrecadação) entre R$ 600 milhões e
R$ 1 bilhão em 2007. O Orçamento total do Estado previsto
neste ano é de R$ 84,5 bilhões.
Esse cenário teria inspirado
medidas polêmicas, como a retenção de recursos destinados
às universidades.
Segundo a Folha apurou, um
dos problemas diagnosticados
foi a inclusão, no Orçamento
elaborado pelo governo passado, de uma receita de R$ 1 bilhão com a venda de patrimônio. Mas essa arrecadação não
deverá se concretizar. E, para
conter uma tendência de desfalque das reservas, o governador José Serra (PSDB) ordenou
um ajuste nas contas.
Serra herdou o Estado com
R$ 3,3 bilhões no Tesouro.
Mas, em comparação a 2006,
essa reserva emagreceu. O governo passado começou o ano
com R$ 5 bilhões em caixa e
obteve um reforço gerado pelo
programa de anistia do ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) de cerca R$ 2,4 bilhões. Mas essa receita não se repetirá.
Por isso, a análise do Orçamento mostraria que, em
2006, o governo queimou cerca
de R$ 2 bilhões de suas reservas, por ter gastado além de sua
capacidade. Se começou o ano
com R$ 5 bilhões em caixa, arrecadou mais de R$ 2,4 bilhões
graças a um esforço adicional e,
ainda assim, fechou as contas
com R$ 3,3 bilhões, o exercício
do ano foi deficitário.
A contenção de recursos
atingiu USP, Unicamp e Unesp,
que ficaram impedidas de remanejarem livremente seus
orçamentos, o que ocorria desde 1989, com o início da autonomia universitária.
Serra alega que o contingenciamento não é produto de
uma decisão política para reduzir a autonomia das universidade. "É porque não temos o
Orçamento de 2007 ainda", insiste, repetindo que o contingenciamento é temporário.
Segundo tucanos, Serra não
sabia previamente que as universidades seriam afetadas. E
reclamou com os secretários de
os reitores não terem sido informados com antecedência.
Ao reclamar, Serra argumentou que, informados, os reitores poderiam pressionar a Assembléia pela aprovação do Orçamento e também conheceriam a "insignificância" da retenção no setor.
Segundo o secretário da Casa
Civil, Aloysio Nunes Ferreira,
como 90% dos gastos das universidades são com o pessoal,
só os 10% restantes foram objeto de um contingenciamento
de 15%, ou 1,5% de sua dotação.
Se a medida durar dois meses,
será equivalente a 0,25% do orçamento anual. "São 15% de
10%. E isso será pago."
Os técnicos do governo também alegam que, embora a arrecadação de ICMS tenha superado as previsões no ano
passado, esse extra não pôde
ser repassado porque esse adicional só foi confirmado em janeiro (no exercício seguinte) e,
sem a aprovação do Orçamento, o governo fica amarrado.
Pela LDO, até o Orçamento
ser aprovado, o governo só pode gastar, por mês, até 1/12 da
proposta enviada à Assembléia.
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