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JOÃO BATISTA LEMOS (1926-2009)
O jornalista que tinha o dom de ensinar
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Era uma coisa até mediúnica, conta o jornalista José
Nêumanne Pinto sobre a capacidade de João Batista Lemos, espírita, de se fazer entender e conseguir exatamente o que queria dos repórteres. "Ele me ligava e dizia: "Te vira, filho, você sabe
como fazer". E aquilo funcionava", lembra Nêumanne.
JB Lemos, como gostava
de ser chamado, começou
como repórter em 1946, em
Belo Horizonte (MG), numa
publicação do PCB chamada
"Jornal do Povo".
Anos depois, em São Paulo, foi chefe do Departamento de Jornalismo das rádios
Difusora e Tupi. Dirigiu também o Departamento de Telejornalismo da TV Excelsior, até que veio o golpe de
1964 -que o forçou ao exílio
no Chile. Lemos, lembra o
amigo, não era um "homemde jornal". Ao voltar ao país,
contudo, recomeçou a carreira na imprensa.
Na Folha, foi pauteiro e
chefe-de-reportagem. "Ele
sabia identificar a área em
que cada repórter se sairia
bem", diz Nêumanne, que
destaca a humildade e o dom
de ensinar de Lemos.
Depois, foi chefe de Redação das sucursais do "Jornal
do Brasil" em SP e Brasília e
editor do mesmo jornal no
Rio. Seu último emprego foi
o de assessor de imprensa do
CNPq (Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), em Brasília, no qual se aposentou.
Devido a problemas de
saúde, havia ficado cego.
Morreu anteontem, aos 82,
em Brasília, de problemas
cardíacos. Deixa seis filhas,
12 netos e uma bisneta.
obituario@grupofolha.com.br
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