São Paulo, sábado, 05 de fevereiro de 2011

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Interligação torna sistema mais frágil

Segundo especialistas, apagões devem se repetir porque problema em um ponto pode afetar toda uma região

Associação de geradoras de energia elétrica diz que há equipamentos extras para o caso de falha nos principais

LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Apagões como o de ontem continuarão se repetindo por conta da principal característica do sistema elétrico brasileiro: a interligação -em que grandes linhas de transmissão levam energia para todo o país.
Para o engenheiro Afonso Henriques Moreira Santos, que foi presidente da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) durante o governo Fernando Henrique Cardoso, esse modelo é ultrapassado e vulnerável, já que um problema em um ponto pode afetar toda uma região ou até mesmo todo o país.
Ele alerta que a situação pode se agravar com a entrada em operação das hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, no rio Madeira, em Rondônia, que terão linhões ligando as usinas diretamente ao Sudeste. A primeira usina deverá começar a gerar energia no fim do ano que vem.
"Na hora que cair uma linha daquela, o Brasil apaga inteiro e leva o Paraguai."
Assim como Santos, o presidente do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, defende a construção de mais usinas termelétricas próximas aos centros de consumo para guarnecer as cidades em caso de problemas. Ele cobra também a modernização das linhas e equipamentos relacionados à transmissão.
"O governo precisa investir em uma mudança de modelo, senão vamos ter problemas cada vez maiores com o aumento do consumo. É preciso observar se as empresas estatais estão fazendo investimentos adequados em manutenção de linhas e subestações", disse Pires.
Segundo Santos, países como os EUA investem na interligação do sistema para complementar o abastecimento, enviando energia de ponto distante a outro só quando há risco de faltar energia neste local. Aqui, a interligação é a base do sistema e a troca de eletricidade entre as regiões é a norma.
O presidente da Abrage (Associação Brasileira de Empresas Geradoras de Energia Elétrica), Flávio Neiva, afirma que os sistemas de transmissão brasileiros já são redundantes, ou seja, há equipamentos extras para caso de falhas dos principais. Ele explica que a transmissão poderia ser reforçada com novas linhas, por exemplo, mas que sairia muito caro para o consumidor, que é quem paga os custos da transmissão, geração e distribuição.


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