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SECA
Carregamento viria de navio ou trem
Pernambuco quer água do Sudeste
FÁBIO GUIBU
VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife
O governo de Pernambuco prepara um plano de emergência para
buscar água de outros Estados,
com o objetivo de enfrentar um
possível colapso no fornecimento
da região metropolitana de Recife,
previsto para março.
O projeto, que será discutido hoje em reunião com o governador
Jarbas Vasconcelos (PMDB), prevê
o uso de navios e trens de carga para o transporte de água.
A operação envolveria, além do
governo, a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste), o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), a Petrobrás e o Exército.
A idéia inicial é "importar" água
dos Estados da região Sudeste,
transportá-la em navios-tanque da
Petrobrás e em trens e estocá-la em
quatro reservatórios localizados
no porto de Recife.
Escolas e hospitais
Segundo o projeto, escolas e hospitais teriam prioridade no recebimento da água. A distribuição seria feita por meio de carros-pipa.
Para o prefeito de Recife, Roberto Magalhães (PFL), o plano é necessário para evitar que a população sofra ainda mais.
"Até março, temos água. Depois
disso, vamos depender da frota da
Petrobrás", afirmou.
O superintendente da Sudene,
Aloisio Sotero, classificou de "grave" a situação e, em reunião ontem
com prefeitos de capitais do Nordeste, fez um apelo para que a população "colabore, diminuindo o
consumo".
A região metropolitana, integrada por 13 municípios, está há 13
dias em situação de emergência
decretada pelo governo do Estado
devido à crise no abastecimento
provocada pela seca.
Outras secas
Cerca de 3 milhões de pessoas
enfrentam desde julho de 98 um
regime de racionamento de água
em que o produto, atualmente, é
fornecido por apenas 20 horas a
cada cinco dias.
A Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento) vai
ampliar o período de desabastecimento a partir da segunda quinzena deste mês, caso o nível dos reservatórios que abastecem a região
diminua ainda mais.
A barragem de Tapacurá, que
fornece água para 60% da Grande
Recife, mantém hoje apenas 8% de
sua capacidade de armazenamento -de 93 milhões de metros cúbicos. Cada metro cúbico equivale a
mil litros.
Em 93, ano em que outra grande
seca atingiu o Estado, o nível de
Tapacurá chegou a 3,4%.
O racionamento, entretanto, foi
de 20 horas com água e 56 horas
sem, porque o consumo, na época,
era inferior ao atual.
Desde 86, quando foi inaugurada
a barragem de Botafogo, não são
realizadas grandes obras estruturais para melhorar o abastecimento da região metropolitana.
A solução para o problema de falta d'água, segundo a Compesa,
passa pela construção do reservatório de Pirapama.
A obra está paralisada desde 94 e,
para a sua conclusão, seria preciso
investir cerca de R$ 200 milhões
em um período de três anos. Até o
momento, apenas 30% do projeto
foi realizado.
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