São Paulo, Sexta-feira, 05 de Fevereiro de 1999
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SECA
Carregamento viria de navio ou trem
Pernambuco quer água do Sudeste

FÁBIO GUIBU
VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife

O governo de Pernambuco prepara um plano de emergência para buscar água de outros Estados, com o objetivo de enfrentar um possível colapso no fornecimento da região metropolitana de Recife, previsto para março.
O projeto, que será discutido hoje em reunião com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), prevê o uso de navios e trens de carga para o transporte de água.
A operação envolveria, além do governo, a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), a Petrobrás e o Exército.
A idéia inicial é "importar" água dos Estados da região Sudeste, transportá-la em navios-tanque da Petrobrás e em trens e estocá-la em quatro reservatórios localizados no porto de Recife.

Escolas e hospitais
Segundo o projeto, escolas e hospitais teriam prioridade no recebimento da água. A distribuição seria feita por meio de carros-pipa.
Para o prefeito de Recife, Roberto Magalhães (PFL), o plano é necessário para evitar que a população sofra ainda mais.
"Até março, temos água. Depois disso, vamos depender da frota da Petrobrás", afirmou.
O superintendente da Sudene, Aloisio Sotero, classificou de "grave" a situação e, em reunião ontem com prefeitos de capitais do Nordeste, fez um apelo para que a população "colabore, diminuindo o consumo".
A região metropolitana, integrada por 13 municípios, está há 13 dias em situação de emergência decretada pelo governo do Estado devido à crise no abastecimento provocada pela seca.

Outras secas
Cerca de 3 milhões de pessoas enfrentam desde julho de 98 um regime de racionamento de água em que o produto, atualmente, é fornecido por apenas 20 horas a cada cinco dias.
A Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento) vai ampliar o período de desabastecimento a partir da segunda quinzena deste mês, caso o nível dos reservatórios que abastecem a região diminua ainda mais.
A barragem de Tapacurá, que fornece água para 60% da Grande Recife, mantém hoje apenas 8% de sua capacidade de armazenamento -de 93 milhões de metros cúbicos. Cada metro cúbico equivale a mil litros.
Em 93, ano em que outra grande seca atingiu o Estado, o nível de Tapacurá chegou a 3,4%.
O racionamento, entretanto, foi de 20 horas com água e 56 horas sem, porque o consumo, na época, era inferior ao atual.
Desde 86, quando foi inaugurada a barragem de Botafogo, não são realizadas grandes obras estruturais para melhorar o abastecimento da região metropolitana.
A solução para o problema de falta d'água, segundo a Compesa, passa pela construção do reservatório de Pirapama.
A obra está paralisada desde 94 e, para a sua conclusão, seria preciso investir cerca de R$ 200 milhões em um período de três anos. Até o momento, apenas 30% do projeto foi realizado.


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