São Paulo, domingo, 05 de março de 2000 |
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MUITA ROUPA Até índios de ala da Tom Maior desfilaram vestidos para se adaptar ao tema Peruca e veludo predominam sobre o nu na folia dos 500 anos
da Reportagem Local O primeiro dia de desfiles no Sambódromo de São Paulo teve mais roupas de veludo e perucas brancas do que mulheres e homens nus. O tema histórico do Carnaval deste ano, sobre os 500 anos do Brasil, levou as escolas a investir em fantasias de época. A Tom Maior, que contou o período da exploração portuguesa, de 1500 a 1520, foi a que mais levou gente sem roupa, ao entrar na avenida anteontem à noite. Mesmo assim, em uma das alas, até os índios estavam vestidos. Nas outras seis escolas, predominaram as roupas luxuosas, em referência principalmente aos nobres portugueses que vieram ao Brasil nos três primeiros séculos após o descobrimento. "Você não pode forçar. Se o enredo não ajuda, a gente não vai encher os carros de mulher nua", disse José Cláudio de Almeida Moraes, o Dentinho, presidente da Gaviões da Fiel, escola que falou sobre o espírito de liberdade no país, de 1770 a 1808. "As mulheres e homens nus não foram a principal atração, como em outros anos. O destaque foi quem estava com muita roupa", disse o presidente da X-9 Paulistana, Laurentino Borges Marques. Segundo a presidente da Camisa Verde e Branco, Magali dos Santos, o tema histórico levou as escolas a se preocupar em reforçar o investimento nas fantasias, o que trouxe mais custos. "Essas roupas deixaram o desfile um pouco mais caro." Cansaço O excesso de roupa e adornos das fantasias deixou muita gente cansada antes mesmo de acabar o desfile. A chegada à dispersão foi um sacrifício para alguns passistas das escolas de samba. "Quero água, me dá água", disse a segunda porta-bandeira da X-9, Gislaine Aparecida, 22, logo após cruzar a linha para a dispersão. "Não está dando para aguentar com esta roupa", disse ela, que logo retirou uma parte da fantasia. "No ano passado não havia essa peruca quente", afirmou Gislaine, que disse ter sentido tontura durante o desfile. "Quase não cheguei até o final." Leandro Martins, 30, que saiu na Gaviões da Fiel, era outro que não estava aguentando o excesso de roupa. Ao cruzar a linha para a dispersão, ele se afastou da escola, tirou sua fantasia de pelúcia com sacrifício e jogou-a no chão. "Eu amo a escola, mas não saio nunca mais com uma fantasia dessas", disse. No ano passado, Leandro disse que saiu com pouca roupa. "Estava me sentindo pelado, foi bem melhor", afirmou. (ALENCAR IZIDORO, CHICO DE GOIS e ALESSANDRO SILVA) Texto Anterior: Desafinando a história: A alusão como estratégia Próximo Texto: Villas Bôas descobre o Carnaval aos 86 Índice |
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