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VIOLÊNCIA
Cidade contabilizou 492 homicídios no ano passado
Campinas registra aumento de 7% no número de assassinatos
RICARDO BRANDT
da Folha Campinas
A polícia de Campinas registrou
492 homicídios no ano passado,
um salto de 7% em relação a 98. O
crime é o segundo que mais aumentou, ficando atrás somente
dos furtos e roubos de veículos.
Em 98, houve 460 homicídios.
Os números mostram que no
ano passado aconteceram 51,7
homicídios para cada grupo de
100 mil habitantes. Dados estatísticos da Delegacia Seccional de
Campinas revelam ainda que há
uma escalada de violência.
Isso porque a polícia já havia
detectado um crescimento de
57% no número de homicídios
entre os anos de 96, quando houve 293 registros, e 98.
Os número são referentes aos
homicídios dolosos (em que houve intenção de matar).
O maior aumento na criminalidade, no entanto, ocorreu nos registros de carros roubados e furtados, que cresceu 22,4%.
O número de veículos roubados
e furtados na cidade saltou de
11.717 para 14.544 registros.
No mesmo período, o número
de lesões corporais dolosas cresceu 40,5% -subiu de 3.329, em
96, para 4.679, em 98.
O aumento em maior escala do
número de homicídios em relação às lesões corporais aponta
uma tendência do uso da força letal em conflitos entre pessoas.
A professora de psicologia forense da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), Maria
de Fátima Franco dos Santos, que
também trabalha como psicóloga
na Cadeia de São Bernardo, acredita que o aumento das ocorrências de mortes em confrontos se
deve ao fato de que o crime foi
"banalizado" e não causa mais
medo na população.
Segundo a professora, a violência banalizada seria causada pela
falta de indignação diante das
transgressões penais e de conduta
social.
Um dos fatores que teria ocasionado tal banalização, segundo
Maria de Fátima, seria a veiculação excessiva de imagens de violência na televisão.
"Quando esse tipo de aprendizado de tolerância ao crime atinge
a criança em formação, você acaba formando um novo potencial
criminoso que não tem sentimento de culpa pela transgressão que
comete", disse a psicóloga.
Drogas
O combate ao tráfico de drogas
é apontado pelo delegado-seccional de Campinas, Djahy Tucci Júnior, como uma prioridade para
reduzir o número de homicídios
na cidade. "Os assassinatos quase
sempre têm uma ligação com o
tráfico de drogas", disse.
Para o delegado, a droga faz
com que pessoas acabem recorrendo com maior facilidade ao
homicídio.
A professora Maria de Fátima
também afirmou que a droga é
um dos fatores que fizeram o número de assassinatos e roubos começar a crescer.
"O drogado não usa a droga e
vai cometer o crime, ele comete o
crime, chegando até mesmo a
matar, para poder consumir a
droga", disse a psicóloga.
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