São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


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VIOLÊNCIA

Cidade contabilizou 492 homicídios no ano passado

Campinas registra aumento de 7% no número de assassinatos

RICARDO BRANDT
da Folha Campinas

A polícia de Campinas registrou 492 homicídios no ano passado, um salto de 7% em relação a 98. O crime é o segundo que mais aumentou, ficando atrás somente dos furtos e roubos de veículos. Em 98, houve 460 homicídios.
Os números mostram que no ano passado aconteceram 51,7 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Dados estatísticos da Delegacia Seccional de Campinas revelam ainda que há uma escalada de violência.
Isso porque a polícia já havia detectado um crescimento de 57% no número de homicídios entre os anos de 96, quando houve 293 registros, e 98.
Os número são referentes aos homicídios dolosos (em que houve intenção de matar).
O maior aumento na criminalidade, no entanto, ocorreu nos registros de carros roubados e furtados, que cresceu 22,4%.
O número de veículos roubados e furtados na cidade saltou de 11.717 para 14.544 registros.
No mesmo período, o número de lesões corporais dolosas cresceu 40,5% -subiu de 3.329, em 96, para 4.679, em 98.
O aumento em maior escala do número de homicídios em relação às lesões corporais aponta uma tendência do uso da força letal em conflitos entre pessoas.
A professora de psicologia forense da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), Maria de Fátima Franco dos Santos, que também trabalha como psicóloga na Cadeia de São Bernardo, acredita que o aumento das ocorrências de mortes em confrontos se deve ao fato de que o crime foi "banalizado" e não causa mais medo na população.
Segundo a professora, a violência banalizada seria causada pela falta de indignação diante das transgressões penais e de conduta social.
Um dos fatores que teria ocasionado tal banalização, segundo Maria de Fátima, seria a veiculação excessiva de imagens de violência na televisão.
"Quando esse tipo de aprendizado de tolerância ao crime atinge a criança em formação, você acaba formando um novo potencial criminoso que não tem sentimento de culpa pela transgressão que comete", disse a psicóloga.

Drogas
O combate ao tráfico de drogas é apontado pelo delegado-seccional de Campinas, Djahy Tucci Júnior, como uma prioridade para reduzir o número de homicídios na cidade. "Os assassinatos quase sempre têm uma ligação com o tráfico de drogas", disse.
Para o delegado, a droga faz com que pessoas acabem recorrendo com maior facilidade ao homicídio.
A professora Maria de Fátima também afirmou que a droga é um dos fatores que fizeram o número de assassinatos e roubos começar a crescer.
"O drogado não usa a droga e vai cometer o crime, ele comete o crime, chegando até mesmo a matar, para poder consumir a droga", disse a psicóloga.


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