|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Motim atinge 2 pavilhões em Araraquara
MARCELO TOLEDO
EDITOR-ASSISTENTE INTERINO DA FOLHA RIBEIRÃO
EVANDRO SPINELLI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Presos dos pavilhões A e B da
Penitenciária de Araraquara (282
km de SP) fizeram ontem um funcionário de refém e iniciaram um
novo motim, 15 dias após a megarrebelião do dia 18.
Os detentos iniciaram o motim
por volta das 18h30, exigindo melhores condições dentro da unidade prisional e a transferência de
um preso para São Paulo.
Por volta das 23h, segundo informação dos próprios detentos,
o refém foi liberado e os presos
começaram a voltar para as celas.
Entre 30 e 40 devem ser transferidos. As informações não foram
confirmadas pela direção do presídio.
O objetivo da rebelião, de acordo com detentos, era apresentar
as exigências ao juiz-corregedor
Silvio Moura Sales, que não compareceu à penitenciária.
Parte dos detentos rebelados
pertence ao PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que organizou a megarrebelião do dia 18 de fevereiro.
A polícia invadiu a penitenciária para impedir que os rebelados
tomassem conta dos demais pavilhões. Houve tiroteio, mas não
havia confirmação de feridos até o
final da noite. Os presos temiam
que a tropa de choque da PM entrasse nos pavilhões.
"Eles (governo) querem acabar
com os presos e nós só queremos
dignidade dentro das prisões",
afirmou um detento, por celular.
Ontem, pela primeira vez após a
megarrebelião, os detentos de
Araraquara puderam receber visitas aos domingos. Os visitantes
deixaram o prédio às 16h.
Durante a saída, houve uma
tentativa de fuga. Um preso tentou escapar em meio aos visitantes, mas foi descoberto.
Parentes dos detentos que estavam na porta da penitenciária no
início do tumulto dizem que os
policiais da muralha atiraram na
direção do interior do prédio.
A informação não foi confirmada pela polícia. "O meu filho está
lá dentro. Os policiais não vêem
que eles são seres humanos também", disse uma mulher que se
identificou como Samira.
O diretor da penitenciária, Jorge
Bento de Camargo, estava negociando com os presos amotinados.
O pavilhão B abriga alguns dos
líderes da megarrebelião ocorrida
no mês passado. "Nós precisamos
do apoio de todas as pessoas. As
prisões não têm um mínimo de
higiene para um ser humano",
disse o detento, que se identificou
somente como Mano.
Mesmo após várias revistas feitas pela direção da penitenciária,
os presos mantêm celulares
-que são proibidos- dentro
das celas. "Nunca vão encontrar
os celulares", afirmou Mano.
Desde o mês passado, a unidade
registrou fuga de presos, o sequestro da família do ex-diretor
Leandro Pereira e rebeliões. Na
Penitenciária de Ribeirão, as visitas no final de semana foram restritas a duas pessoas por detento.
O único incidente foi a apreensão
de cigarros de maconha com um
adolescente.
Texto Anterior: Dois agentes são mantidos reféns em Goiânia Próximo Texto: Há 50 anos Índice
|