São Paulo, segunda-feira, 05 de março de 2001

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Motim atinge 2 pavilhões em Araraquara


MARCELO TOLEDO
EDITOR-ASSISTENTE INTERINO DA FOLHA RIBEIRÃO

EVANDRO SPINELLI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Presos dos pavilhões A e B da Penitenciária de Araraquara (282 km de SP) fizeram ontem um funcionário de refém e iniciaram um novo motim, 15 dias após a megarrebelião do dia 18.
Os detentos iniciaram o motim por volta das 18h30, exigindo melhores condições dentro da unidade prisional e a transferência de um preso para São Paulo.
Por volta das 23h, segundo informação dos próprios detentos, o refém foi liberado e os presos começaram a voltar para as celas. Entre 30 e 40 devem ser transferidos. As informações não foram confirmadas pela direção do presídio.
O objetivo da rebelião, de acordo com detentos, era apresentar as exigências ao juiz-corregedor Silvio Moura Sales, que não compareceu à penitenciária.
Parte dos detentos rebelados pertence ao PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que organizou a megarrebelião do dia 18 de fevereiro.
A polícia invadiu a penitenciária para impedir que os rebelados tomassem conta dos demais pavilhões. Houve tiroteio, mas não havia confirmação de feridos até o final da noite. Os presos temiam que a tropa de choque da PM entrasse nos pavilhões.
"Eles (governo) querem acabar com os presos e nós só queremos dignidade dentro das prisões", afirmou um detento, por celular.
Ontem, pela primeira vez após a megarrebelião, os detentos de Araraquara puderam receber visitas aos domingos. Os visitantes deixaram o prédio às 16h.
Durante a saída, houve uma tentativa de fuga. Um preso tentou escapar em meio aos visitantes, mas foi descoberto.
Parentes dos detentos que estavam na porta da penitenciária no início do tumulto dizem que os policiais da muralha atiraram na direção do interior do prédio.
A informação não foi confirmada pela polícia. "O meu filho está lá dentro. Os policiais não vêem que eles são seres humanos também", disse uma mulher que se identificou como Samira.
O diretor da penitenciária, Jorge Bento de Camargo, estava negociando com os presos amotinados.
O pavilhão B abriga alguns dos líderes da megarrebelião ocorrida no mês passado. "Nós precisamos do apoio de todas as pessoas. As prisões não têm um mínimo de higiene para um ser humano", disse o detento, que se identificou somente como Mano.
Mesmo após várias revistas feitas pela direção da penitenciária, os presos mantêm celulares -que são proibidos- dentro das celas. "Nunca vão encontrar os celulares", afirmou Mano.
Desde o mês passado, a unidade registrou fuga de presos, o sequestro da família do ex-diretor Leandro Pereira e rebeliões. Na Penitenciária de Ribeirão, as visitas no final de semana foram restritas a duas pessoas por detento. O único incidente foi a apreensão de cigarros de maconha com um adolescente.



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