São Paulo, segunda-feira, 05 de março de 2001

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CARNAVAL NO RIO
Beija-Flor é aplaudida; presidente fala com público para amenizar clima hostil contra a escola
Imperatriz desfila sob vaias e protestos

ANTONIO CARLOS DE FARIA

DA SUCURSAL DO RIO

A Imperatriz Leopoldinense iniciou seu desfile na madrugada de ontem no Rio sob vaias e objetos jogados pelo público que protestava contra o terceiro título consecutivo da escola de samba no Carnaval carioca.
Latas de cerveja e garrafas plásticas foram atiradas sobre a comissão de frente da Imperatriz, cujos integrantes vinham fantasiados de cavaleiros, em referência às lutas entre árabes e cristãos.
O público, composto por uma maioria de torcedores da Beija-Flor, gritava que o tricampeonato havia sido um roubo e um cordão de policiais militares se colocou entre os integrantes da Imperatriz e a arquibancada.
A Beija-Flor, que nos últimos três anos ficou em segundo lugar, desfilou antes da Imperatriz, na noite que reuniu as cinco escolas mais bem colocadas na disputa do Carnaval de 2001.
O presidente da Imperatriz, o economista Wagner Araújo, 50, usou o sistema de som do sambódromo para amenizar o clima contra sua escola.
"O público tem o direito de se manifestar. Não viemos aqui para desafiá-lo, mas para mostrar o nosso Carnaval", disse Araújo. Fora dos microfones, ele não era tão conciliador, pois afirmava ter certeza de que os manifestantes haviam sido organizados pelas diretorias de escolas rivais.
Tão logo Araújo falou ao sambódromo, a Imperatriz iniciou seu desfile e os protestos foram minguando. No final da passagem pela avenida, na praça da Apoteose, havia até uma pequena torcida que aplaudia a escola.
Mas os maiores aplausos haviam sido dados à Beija-Flor, repetindo o que acontecera no seu desfile da última segunda-feira.
As reações contra o título da Imperatriz começaram logo na apuração do voto dos jurados, na quarta-feira passada, quando a escola de Ramos (zona norte) conseguiu notas máximas em todos os quesitos.
Os presidentes das demais escolas disseram que o resultado só havia sido possível porque o presidente da Liesa (Liga Independente da Escolas de Samba), Luizinho Drumond, responsável pela escolha dos jurados, é também o presidente de honra da Imperatriz. Ele se defendeu, dizendo que as escolas têm poder de veto sobre qualquer jurado.
Para mostrar sua isenção, Luizinho também argumentou que, em 1994 e 1995, a Imperatriz conseguiu ser bicampeã, isso sem que ele pudesse trabalhar diretamente pela escola.



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