São Paulo, terça-feira, 05 de março de 2002

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CRIME ORGANIZADO

Sui Tip estava foragido havia seis meses

Suposto chefe da máfia chinesa é preso em SP ao renovar habilitação

DA REPORTAGEM LOCAL

Um homem acusado de ser um dos principais chefes da máfia chinesa em São Paulo, Wong Sui Tip, 35, foi preso ontem quando tentava renovar sua carteira de motorista, na capital, dentro do prédio do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito).
Ela vinha sendo procurado pela polícia havia seis meses por suposto envolvimento em casos de extorsão de dinheiro de comerciantes chineses na região central de São Paulo.
O Ministério Público acredita que Sui Tip tenha ficado escondido em Ciudad del Este (Paraguai) após ter o nome ligado às ações da máfia, no ano passado, com a prisão do contador da máfia, Chen Wentian, 32. Há três meses, a Justiça paulista decretou sua prisão.
Sui Tip, representado por um despachante, deu entrada em um pedido de renovação de sua carteira de habilitação, mas teve a liberação do documento bloqueada por causa da ordem de prisão.
A descoberta do nome do suposto líder da máfia foi mantida em segredo até ontem. Policiais do Detran avisaram o Ministério Público e uma operação começou a ser a executada em sigilo.
O documento somente seria liberado se Sui Tip comparecesse ao Detran, informaram funcionários do órgão ao despachante dele. Às 14h30 de ontem, ele entrou no prédio e acabou detido.
Pelo menos 20 pessoas, a maioria imigrantes ilegais, foram denunciados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, por ações da máfia chinesa.
Esses grupos ganham dinheiro cobrando para dar "proteção" a comerciantes chineses. Quem não paga acaba sequestrado, espancado e até assassinado. Só no ano passado, pelo menos cinco pessoas foram mortas na capital.
Segundo o delegado José Carlos Gambarini, da Divisão de Capturas da Polícia Civil, Sui Tip não quis falar. "Acredito que ele fale português, mas vamos tentar um intérprete para ele", afirmou.
O preso seria levado para um dos CDPs (Centro de Detenção Provisória) da capital, unidade com segurança mais reforçada do que a dos distritos policiais.
Sui Tip pertenceria à máfia cantonesa -o nome vem de uma região da China, Cantão-, a maior em atuação na capital, de acordo com os promotores Roberto Porto e Enilson Komono.
Documentos da contabilidade da máfia apreendidos no ano passado pelo Gaeco mostram que, em apenas dois meses, o grupo recolheu na capital cerca de US$ 50 mil dólares -ou R$ 117,5 mil.
Para a Promotoria, o principal problema para investigar a máfia é o silêncio das vítimas, que, com medo de represálias, não procuram a polícia. As prisões realizadas até agora ocorreram no momento em que o "pedágio" era pago. (ALESSANDRO SILVA)


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