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CARMELITA GNECCO (1922-2009)
Meio século como advogada trabalhista
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dentro do envelope, Carmelita Gnecco deixou a prova de que a história que contava aos amigos tinha fundamento: guardou o convite da
8ª Conferência da Associação Americana de Juristas de
que participou, em Cuba.
Alegre, dizia que, naquele
17 de setembro de 1987, dia
do evento, Fidel Castro se
aproximou dela e apertou-lhe a mão. Carmelita era de
esquerda. No ano passado,
chorou no primeiro turno
das eleições porque a saúde
debilitada lhe impediu de ir
votar em Marta Suplicy. A filha não lhe disse que haveria
um segundo turno para que
não chorasse de novo.
Formada em direito pela
USP em 1948, Carmelita dedicou mais de meio século à
profissão, o que lhe garantiu
a láurea de reconhecimento
da OAB-SP. Chegou a defender 3.000 causas de acidente
de trabalho num ano e a ir a
13 audiências num só dia.
Do pai, ex-procurador,
herdou o escritório no centro de SP, onde, divorciada,
criou a filha pequena. "Ela
defendia que as mulheres tinham de ser independentes,
preparadas e não abaixar a
cabeça", diz a única filha,
Marilita, engenheira civil.
Apaixonada por animais,
tinha os gatos Mel e Marcello
(pronunciado em italiano,
em homenagem ao ator Marcello Mastroianni). Em seu
quarto, havia fotos de Marlon Brando e Ava Gardner.
Morreu segunda, aos 86, de
insuficiência respiratória. A
missa de sétimo dia será domingo, às 12h, na igreja Nossa Sra. da Consolação, em SP.
obituario@grupofolha.com.br
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