São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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CARMELITA GNECCO (1922-2009)

Meio século como advogada trabalhista

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dentro do envelope, Carmelita Gnecco deixou a prova de que a história que contava aos amigos tinha fundamento: guardou o convite da 8ª Conferência da Associação Americana de Juristas de que participou, em Cuba.
Alegre, dizia que, naquele 17 de setembro de 1987, dia do evento, Fidel Castro se aproximou dela e apertou-lhe a mão. Carmelita era de esquerda. No ano passado, chorou no primeiro turno das eleições porque a saúde debilitada lhe impediu de ir votar em Marta Suplicy. A filha não lhe disse que haveria um segundo turno para que não chorasse de novo.
Formada em direito pela USP em 1948, Carmelita dedicou mais de meio século à profissão, o que lhe garantiu a láurea de reconhecimento da OAB-SP. Chegou a defender 3.000 causas de acidente de trabalho num ano e a ir a 13 audiências num só dia.
Do pai, ex-procurador, herdou o escritório no centro de SP, onde, divorciada, criou a filha pequena. "Ela defendia que as mulheres tinham de ser independentes, preparadas e não abaixar a cabeça", diz a única filha, Marilita, engenheira civil.
Apaixonada por animais, tinha os gatos Mel e Marcello (pronunciado em italiano, em homenagem ao ator Marcello Mastroianni). Em seu quarto, havia fotos de Marlon Brando e Ava Gardner. Morreu segunda, aos 86, de insuficiência respiratória. A missa de sétimo dia será domingo, às 12h, na igreja Nossa Sra. da Consolação, em SP.

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