São Paulo, sábado, 05 de março de 2011

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Brasil e EUA tiram máscara de ar de banheiro de aviões

Ação preventiva se deve à descoberta de que gerador pode ser usado como explosivo

Não houve precedentes de uso criminoso do dispositivo, que pode gerar fogo, segundo agência americana


RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

Por medo de terrorismo, Estados Unidos e Brasil retiraram o suprimento e as máscaras de oxigênio dos banheiros dos aviões comerciais de passageiros.
A medida, antecipada ontem pela manhã pela Folha.com, afeta cerca de 6.000 aeronaves de companhias aéreas americanas e 400 das brasileiras. A remoção do dispositivo, concluída ontem, ocorreu em sigilo nas últimas três semanas.
A iniciativa se deve à descoberta, pelos EUA, de que o gerador de oxigênio no teto do banheiro pode ser usado como explosivo. Acionado, o dispositivo pode atingir 200C e, se provocado, eventualmente causar fogo.
Autoridades de aviação de todo o mundo receberam a recomendação da FAA (agência americana de aviação); o Brasil e os EUA estão entre os primeiros a segui-la.
A FAA não informou se outros países removeram o dispositivo. Procurada, a Easa (agência de aviação europeia) não se manifestou.
Nas próximas semanas, a intenção do governo dos EUA é proibir de operar em solo americano aviões estrangeiros que ainda tiverem as máscaras no banheiro. O país responde por 32% do tráfego aéreo mundial.
Não houve precedentes de uso criminoso dos geradores, diz a agência; trata-se de medida preventiva. A retirada ocorre no banheiro por ser a única área do avião em que o passageiro está fora do alcance da tripulação.

SEM DIVULGAÇÃO
Foi a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) que repassou a recomendação às empresas brasileiras.
Caso não a seguisse, a agência temia que os aviões brasileiros, em especial os que voam para os EUA, ficassem vulneráveis assim que a FAA divulgasse o risco.
Às empresas a Anac disse se tratar de uma "Informação Sensível de Segurança", "que não deve ser discutida e divulgada às pessoas que não necessitam ter conhecimento do assunto". Passageiros não foram avisados.
Sem a máscara de oxigênio, os passageiros no banheiro ficam sujeitos a despressurização e podem até morrer. Uma altitude considerada segura é de 3.048 m; os aviões costumam voar a até 12 mil m (39 mil pés).
A partir de agora, comissários de bordo terão de abrir o lavatório e socorrê-los se houver despressurização.
Avisos serão colocados nos banheiros para informar que ali não há máscaras. Elas estarão do lado de fora.
O risco à saúde é raro, segundo a FAA e a Anac. A chance de despressurização com passageiros no banheiro é de cinco casos a cada 1 bilhão de horas voadas -"improvável", na classificação internacional de aviação; como comparação, a de uma aeronave cair é de 1 para 1 bilhão de horas de voo -"extremamente improvável".
As agências sustentam que os pilotos são instruídos, em casos assim, a reduzir a altitude até um nível seguro.
Para o comandante Carlos Camacho, diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, há duas análises a fazer: 1) a medida é positiva, pois elimina um eventual risco; 2) exige treinamento e ajuste pelas companhias aéreas, especialmente em voos com venda.
"Um comissário no carrinho vendendo produtos não chega a tempo ao toalete."


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