São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997.

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Vizinhos da SPV, à qual o ex-comandante Matheus era vinculado, dizem tê-lo visto no local
Oficial ia em carro da PM a empresa

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O tentente-coronel Pedro Pereira Matheus, ex-comandante do 24º Batalhão da PM de Diadema, era levado em carro oficial para despachar na empresa de segurança SPV -à qual era vinculado-, segundo vizinhos da empresa.
Na empresa SPV (Serviços de Prevenção e Vigilância), na rua Afonso Duarte, 174, em Cidade Dutra (zona sul de São Paulo), é comum a entrada e saída de policiais que se dirigem ao local em carros da PM.
Matheus chegaria à empresa todos os dias às 7h30 e a deixaria por volta das 11h, normalmente em um carro da PM.
Os vizinhos da empresa de segurança pediram para não ser identificados.
A Folha tentou falar com um responsável pela SPV, já que o tenente-coronel Matheus encontra-se detido, mas não obteve resposta.
Um homem atendeu a reportagem na recepção da empresa dizendo que não trabalhava ali e que não havia nenhum responsável pela SPV naquele momento porque o expediente havia terminado -eram 14h10.
Matheus comandou até a última quarta-feira o batalhão envolvido nos crimes de policiais militares contra a população dos arredores da favela Naval, em Diadema.
Ele foi detido no mesmo dia de seu afastamento, responsabilizado pela fuga do cabo Ricardo Luiz Buzeto, que participou da violência de PMs contra os moradores da favela Naval.
A Folha obteve o Cadastro Geral de Empresas de Vigilância com Alvará em São Paulo, onde consta a empresa SPV.
Constam no cadastro como diretores da empresa o irmão do tenente-coronel, Alberto Pereira Matheus, e a mulher do oficial, Marianita Veloso Pereira Matheus.
O nome do tenente-coronel Matheus aparece como ``contato'' da empresa.
O regulamento disciplinar da PM considera transgressão disciplinar o exercício de atividade remunerada fora da corporação.
Essa falta disciplinar é aplicada nos casos de vinculação com empresas ou empregos prestadores de serviço, como é considerada a segurança privada. A punição, nesses casos, vai de repreensão administrativa à prisão.
Vizinhos da SPV disseram que o proprietário da empresa é conhecido na região como tenente Matheus, possível referência à patente do ex-comandante no início da companhia de segurança em Cidade Dutra.

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