|
Próximo Texto | Índice
Lula anuncia fim da crise sem indicar solução
Presidente disse estar confiante de que a situação nos aeroportos será de "paz, não apenas na Semana Santa, mas daqui para a frente'
Ele pediu aos controladores, que continuam insatisfeitos após a suspensão das negociações, que "não prejudiquem mais o povo"
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo sem uma solução
concreta para a crise aérea e
com a eficácia do controle da
FAB sobre a situação ainda a
ser provada, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse ontem estar "confiante de que os
aeroportos brasileiros vão encontrar paz e normalidade, não
apenas na Semana Santa, mas
daqui para a frente".
O petista voltou a acusar os
controladores de vôo de "falta
de sensibilidade" e foi dúbio em
relação à provável punição dos
que se amotinaram na sexta-feira passada.
Se por um lado disse que "o
governo não vai punir ninguém, longe de mim punir alguém", por outro o presidente
afirmou que "as pessoas precisam aprender que, no regime
democrático, o respeito às instituições e à hierarquia é fundamental". Os amotinados já são
alvo de inquéritos militares.
Na sexta-feira, o ministro do
Planejamento, Paulo Bernardo,
costurou um acordo com os
controladores amotinados, em
nome de Lula, em que prometia
que não haveria punições. Na
segunda-feira, após a crise militar gerada pela quebra de hierarquia estar instalada, o governo recuou e entregou o caso à
Aeronáutica. Também suspendeu as negociações com a categoria -provocando nova tensão entre os controladores.
Agora, a principal preocupação do presidente é "reconstruir um clima de respeito à
hierarquia, de disciplina, de
que cada um saiba sua função e
tenha de cumprir e, sobretudo,
um clima de respeito ao povo
brasileiro", como disse ontem
na entrevista, no Itamaraty.
A promessa de paz daqui para a frente nos aeroportos veio
junto com um apelo do presidente aos controladores. "A
única coisa que eu peço aos
controladores é que, se quiserem fazer algum protesto contra alguma pessoa, que façam,
mas não prejudiquem o povo
brasileiro. Porque as pessoas
querem viajar, trabalhar, ter
um mínimo de tranqüilidade."
O presidente, mais uma vez,
mostrou-se contrariado com os
controladores de vôo.
Disse ser o mais aberto da
história para o diálogo, e "não
existe nenhum movimento,
por mais justo que seja, que justifique terceiros pagarem a
conta". "Não é possível que as
pessoas não tenham sensibilidade de ver milhares e milhares
de pessoas ficando noites inteiras nos aeroportos porque as
pessoas querem discutir um
problema específico de uma categoria", afirmou.
Ele deu a entrevista depois
de almoço em Brasília com o
presidente do Equador, Rafael
Corrêa, quando de bom humor,
brincou com os problemas.
Ao falar sobre a crise no setor
aéreo, negou que esteja para
mudar seu ministro da Defesa,
Waldir Pires, embora a mudança já esteja definida e foi até comentada em encontro com políticos anteontem.
"Não tem troca de ministros.
A reforma ministerial acabou.
Se quedem "tranquilis'", disse o
presidente, sorrindo, ao brincar com a língua espanhola -o
correto é "tranquilos".
Medo de avião
Na entrevista após o almoço,
o presidente voltou a dizer que
tem medo de voar de avião e
que a crise aérea deixa gente
que, como ele, tem esse temor,
"à beira do infarto". Um passageiro morreu no final de semana em Curitiba, após esperar
mais de 12 horas por um vôo.
"Já é desconfortável viajar de
avião. Eu, como muita gente,
tenho medo de andar de avião.
Ando porque sou obrigado. Se
você já tem o medo, e chega ao
aeroporto e essa tensão é elevada à quinta potência, porque
você tem os atrasos dos vôos,
não tem as informações corretas, a pessoa fica à beira do infarto", disse.
O presidente afirmou que a
situação agora está sob gestão
da Aeronáutica, mas que "os
controladores [de vôo] precisam ser respeitados como profissionais".
"A questão é que a Aeronáutica assumiu, como deveria
desde o começo, a responsabilidade de manter a aviação aérea
civil funcionando normalmente. O comandante [Juniti] Saito
sabe os problemas que existem,
mais do que ninguém ele sabe
encontrar a solução desses problemas. Agora, vamos esperar."
Próximo Texto: Frase Índice
|