FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a senadores do PT, em jantar anteontem, que é preciso construir uma "saída digna" para o ministro Waldir Pires (Defesa). O presidente afirmou que não seria justo ele arcar com todo o desgaste pela crise no setor aéreo, já que ela seria resultante de sucessivas gestões.
Em entrevista concedida no Itamaraty ontem à tarde, Lula disse que cabe apenas a ele nomear e demitir ministros. "[O Waldir Pires] vai continuar no cargo. Ministro sou eu que ponho e eu que tiro. Se um dia eu tiver que tirá-lo, eu tirarei. Por enquanto não é essa a questão", afirmou.
Durante a conversa com os senadores, o presidente contemporizou a incapacidade de Pires de dar uma solução para o caos aéreo afirmando que há um problema estrutural no Ministério da Defesa, já que os militares nunca teriam se conformado em ficar subordinados a um civil.
O presidente teria apontado que o ministro da Defesa tem limitações até na escolha de sua equipe. Ao fazer um diagnóstico da crise, Lula teria dito que ela não se limita aos controladores e citou como exemplo a pane no Cindacta-1 (centro de controle aéreo em Brasília), ocorrida em dezembro, quando um técnico teria ficado quatro horas tentando resolver o problema. Na conversa, Lula disse também que quer fazer uma espécie de PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) das Forças Armadas, investindo em equipamentos e modernização da Aeronáutica, do Exército e da Marinha.