|
Próximo Texto | Índice
Hospitais privados ampliam rede em SP
Número de leitos nas quase 20 instituições vai subir de 3.000 para cerca de 5.300; gastos são em torno de R$ 3,4 bilhões
Obras na capital paulista também darão incremento em unidades de centros cirúrgicos, centrais de exames e consultórios
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os grandes hospitais privados de São Paulo se transformaram em canteiros de obras.
Num movimento sem precedentes, praticamente todos os
complexos hospitalares estão
ganhando novas torres.
Na Bela Vista, um flat está em
reforma para abrigar o centro
de especialidades do hospital
Nove de Julho. No Paraíso, está
se erguendo um arranha-céus
de 24 andares, a nova torre do
hospital Oswaldo Cruz.
No total, quase duas dezenas
de hospitais estão ou recentemente estiveram em obras.
Quando tudo estiver pronto
-até 2012-, seus 3.000 leitos
de internação terão saltado para aproximadamente 5.300.
As obras darão a São Paulo
um considerável incremento
em centros cirúrgicos, consultórios e centros de exames. A
cidade reforçará sua posição de
referência nacional em saúde.
Os hospitais estimam os gastos em algo em torno de R$ 3,4
bilhões, parte financiada pelo
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). O aporte do banco estatal varia de 20% a 80%.
O crescimento tem várias explicações. A população está cada vez mais velha. Em 1991, a
expectativa de vida do brasileiro ao nascer era de 67 anos. Em
2006, de 72,3 anos.
Devido ao aumento da procura, os hospitais têm trabalhado no limite de sua capacidade.
É difícil encontrar um centro
cirúrgico vazio num dia de semana pela manhã. No auge da
epidemia de gripe suína, no ano
passado, a espera nos prontos-socorros se arrastava por horas.
Os planos de saúde estão
crescendo. E isso é particularmente notório na cidade de São
Paulo, onde mais de metade
dos moradores tem convênio.
O avanço da tecnologia também contribui. Exemplo: um
aparelho de tomografia computadorizada, além de não eliminar o velho raio-X, ocupa
uma sala inteira. É preciso buscar novos espaços. Por outro lado, esses novos equipamentos
acabam atraindo pessoas que
de outra maneira não iriam ao
hospital. "Antes, o paciente
com câncer ia para o hospital
porque ia morrer. Hoje vai para
se prevenir, fazer detecção precoce e se tratar. Há 25 anos, o
paciente procurava o oftalmologista para mudar de óculos.
Hoje também vai para se livrar
dos óculos", diz Claudio Lottenberg, do Albert Einstein.
Outra razão para a expansão
é o crescimento da cidade. "A
pessoa não quer cruzar a cidade, atravessar a marginal nem
ficar no trânsito. Na lógica do
mercado, o hospital precisa ficar mais próximo do consumidor", explica Ana Maria Malik,
coordenadora do GV Saúde, da
Fundação Getúlio Vargas.
É por isso que o Sírio-Libanês, na Bela Vista, inaugurará
neste ano filial no Itaim Bibi. E
o Albert Einstein, no Morumbi,
uma unidade no outro lado do
rio Pinheiros, em Perdizes.
Para especialistas, esse crescimento impacta positivamente também a rede pública. Segundo José Manoel de Camargo Teixeira, superintendente
do HC, há pessoas que, mesmo
pagando planos privados, utilizam o SUS. "Na medida em que
a rede privada ajusta suas instalações e incorpora tecnologia
para atender à exigência do
mercado que se abre, os leitos
públicos de hospitais como o
Hospital das Clínicas se tornam praticamente exclusivos
dos pacientes do SUS."
Próximo Texto: Reunião explica obras a vizinhos Índice
|