São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2010

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Hospitais privados ampliam rede em SP

Número de leitos nas quase 20 instituições vai subir de 3.000 para cerca de 5.300; gastos são em torno de R$ 3,4 bilhões

Obras na capital paulista também darão incremento em unidades de centros cirúrgicos, centrais de exames e consultórios

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grandes hospitais privados de São Paulo se transformaram em canteiros de obras. Num movimento sem precedentes, praticamente todos os complexos hospitalares estão ganhando novas torres.
Na Bela Vista, um flat está em reforma para abrigar o centro de especialidades do hospital Nove de Julho. No Paraíso, está se erguendo um arranha-céus de 24 andares, a nova torre do hospital Oswaldo Cruz.
No total, quase duas dezenas de hospitais estão ou recentemente estiveram em obras. Quando tudo estiver pronto -até 2012-, seus 3.000 leitos de internação terão saltado para aproximadamente 5.300.
As obras darão a São Paulo um considerável incremento em centros cirúrgicos, consultórios e centros de exames. A cidade reforçará sua posição de referência nacional em saúde.
Os hospitais estimam os gastos em algo em torno de R$ 3,4 bilhões, parte financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O aporte do banco estatal varia de 20% a 80%.
O crescimento tem várias explicações. A população está cada vez mais velha. Em 1991, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era de 67 anos. Em 2006, de 72,3 anos.
Devido ao aumento da procura, os hospitais têm trabalhado no limite de sua capacidade. É difícil encontrar um centro cirúrgico vazio num dia de semana pela manhã. No auge da epidemia de gripe suína, no ano passado, a espera nos prontos-socorros se arrastava por horas.
Os planos de saúde estão crescendo. E isso é particularmente notório na cidade de São Paulo, onde mais de metade dos moradores tem convênio.
O avanço da tecnologia também contribui. Exemplo: um aparelho de tomografia computadorizada, além de não eliminar o velho raio-X, ocupa uma sala inteira. É preciso buscar novos espaços. Por outro lado, esses novos equipamentos acabam atraindo pessoas que de outra maneira não iriam ao hospital. "Antes, o paciente com câncer ia para o hospital porque ia morrer. Hoje vai para se prevenir, fazer detecção precoce e se tratar. Há 25 anos, o paciente procurava o oftalmologista para mudar de óculos. Hoje também vai para se livrar dos óculos", diz Claudio Lottenberg, do Albert Einstein.
Outra razão para a expansão é o crescimento da cidade. "A pessoa não quer cruzar a cidade, atravessar a marginal nem ficar no trânsito. Na lógica do mercado, o hospital precisa ficar mais próximo do consumidor", explica Ana Maria Malik, coordenadora do GV Saúde, da Fundação Getúlio Vargas.
É por isso que o Sírio-Libanês, na Bela Vista, inaugurará neste ano filial no Itaim Bibi. E o Albert Einstein, no Morumbi, uma unidade no outro lado do rio Pinheiros, em Perdizes.
Para especialistas, esse crescimento impacta positivamente também a rede pública. Segundo José Manoel de Camargo Teixeira, superintendente do HC, há pessoas que, mesmo pagando planos privados, utilizam o SUS. "Na medida em que a rede privada ajusta suas instalações e incorpora tecnologia para atender à exigência do mercado que se abre, os leitos públicos de hospitais como o Hospital das Clínicas se tornam praticamente exclusivos dos pacientes do SUS."


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