As quase 30 pessoas -experientes em trilhas, munidas de GPS e orientadas por índios- se perderam na sexta e foram localizadas ontem

Com a chuva, helicóptero teve de interromper os trabalhos antes de resgatar todo o grupo; demais chegaram a pé, às 22h30, a Praia Grande

Zanone Fraissat/Folha Imagem

Familiares e resgatados aguardam em Praia Grande retorno de grupo que ficou perdido na serra do Mar

LETÍCIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Era para ser um passeio, virou um pesadelo. No final da noite de ontem, o último grupo de 13 pessoas de São Paulo conseguiu sair da mata fechada na serra do Mar após duas noites perdido na selva.
O passeio seria por uma trilha entre Parelheiros, distrito no extremo sul da cidade de São Paulo, e Mongaguá, no litoral sul do Estado.
Um grupo de 28 amigos com idades entre 20 e 50 anos partiu da estação de trem Evangelista de Souza, em Parelheiros, por volta das 7h de sexta-feira, pensando em chegar ao fim da tarde a Poço das Antas, em Mongaguá, no litoral sul. Seria o quinto ano que o mesmo grupo de amigos faria o passeio. Outro grupo faria um trajeto mais curto, até a aldeia Rio Branco, ainda em Parelheiros.
Cerca de duas horas depois da partida, os grupos se separaram. Equipada de GPS (aparelho de localização por satélite) e acompanhada de dois índios que trabalham como guias na região, a turma que ia a Mongaguá se desviou da trilha que segue em paralelo à linha do trem para fazer um trajeto diferente do que estava acostumada.

Perdidos
O pesadelo começou por volta da hora do almoço de sexta, quando eles perceberam que estavam perdidos. Três pessoas se separaram -incluindo os dois guias indígenas- e foram andando em direção ao que eles supunham ser uma estrada. Por celular, conseguiram contato com o Corpo de Bombeiros apenas por volta das 12h30 de sábado. Os três que se afastaram para buscar ajuda foram localizados em um acesso próximo à rodovia dos Imigrantes em São Vicente e indicaram o local aproximado do grupo.

Buscas
O COE (Comando de Operações Especiais) da Polícia Militar começou as buscas com um helicóptero e quatro equipes por terra, incluindo cães farejadores, por volta das 17h de sábado, mas só conseguiu localizar o grupo -que passou duas madrugadas na mata aguardando socorro- por volta das 10h de ontem.
O helicóptero Águia, da Polícia Militar, resgatou 12 pessoas -as que estavam em condições físicas piores- por volta do meio-dia de ontem e as levou até Praia Grande, onde fica a base de um grupamento aéreo.
Apenas uma pessoa teve de ser atendida no pronto-socorro da cidade. Antonia Rodrigues Lemos, 45, dona de casa em Curitiba (PR), caiu e fraturou a costela, mas passa bem, foi medicada e liberada.
A ideia era voltar ao local para resgatar os outros integrantes do grupo, mas com o mau tempo não havia visibilidade suficiente para o helicóptero da PM voltar a fazer o resgate.
Resultado: o restante do grupo teve de sair da mata a pé. As equipes de terra do COE acompanharam os aventureiros pela mata até Praia Grande, cidade mais próxima de onde eles foram encontrados. Eles conseguiram chegar à base da polícia por volta das 22h30 de ontem.

As noites
Antonia disse que só se assustou após a queda e ficou sem conseguir se locomover.
Segundo ela, o grupo dormiu em cima de pedras e sempre uma pessoa permanecia acordada para manter a fogueira acesa e vigiar se algum animal se aproximasse.
Após a primeira noite, além dos três que já haviam saído buscar ajuda, o grupo também se dividiu: 8 pessoas ficaram paradas e 17 procuraram a saída. Eles se reencontraram após a chegada do resgate.


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