São Paulo, terça-feira, 05 de abril de 2011

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Mulher aciona 190 e narra assassinato em tempo real

Testemunha viu PMs atirarem em homem

DE SÃO PAULO

Uma mulher narrou em tempo real para o telefone 190 um assassinato cometido por dois PMs dentro de um cemitério em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo.
O crime ocorreu em plena tarde de um sábado, no dia 12 de março. A vítima havia saído de uma prisão no interior em agosto do ano passado.
Os PMs estão presos, respondem a inquérito por suspeita de homicídio e podem ser expulsos da polícia. A mulher está sob proteção.
"Olha, eu estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui próximo à sepultura do meu pai", disse a mulher ao ligar para o 190.
O policial que atende à ocorrência pede à mulher o prefixo do carro, diz que vai "fazer um alerta" e recomenda à testemunha que faça a denúncia à Corregedoria.
Durante a conversa gravada, a mulher questiona os PMs sobre o assassinato. O policial diz apenas que estava prestando um socorro. Os policiais presos são Ailton Vital da Silva, 18 anos de PM, e Felipe Daniel Silva, na corporação há cinco anos.
Eles disseram que houve "resistência" da vítima e que, depois, prestaram socorro. O caso começou a 1 km do Cemitério das Palmeiras.
Um carro de uma empresa de produtos de beleza foi roubado e, informados pelo rádio da polícia, Vital e Daniel fizeram a abordagem.
O assaltante teria batido em dois carros e, durante a fuga a pé, atirado contra os policiais, que revidaram e o acertaram numa perna.
Segundo o comando da PM, eles passaram pelo cemitério e assassinaram o homem. O assaltante chegou ao hospital já morto, com um tiro na perna e outro no peito.
Relatório da Polícia Civil revelado em 25 de março pela Folha aponta grupos de extermínio formados por PMs como responsáveis pelo assassinato de 150 pessoas na capital entre 2006 e 2010.

Ouça gravação da ligação da testemunha ao 190
folha.com.br/ct898180


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