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AVENTURA
Menos de dois meses após morte de companheiro, Waldemar Niclevicz começar preparativos para atingir o K2, no Himalaia
Brasileiro quer escalar pico mais difícil do mundo
FLÁVIO ARANTES
da Agência Folha, em Curitiba
O alpinista paranaense Waldemar Niclevicz, 32, está no Nepal
iniciando uma de suas mais difíceis aventuras: a escalada do K2, a
segunda montanha mais alta do
mundo, com 8.611 m, localizada
no oeste da cordilheira do Himalaia, no Paquistão.
Se tudo der certo, Niclevicz deve
chegar ao pico do K2 na segunda
quinzena de julho do ano que vem
para permanecer, no máximo,
duas horas no topo da montanha.
Caso as condições ambientais
não sejam favoráveis, a permanência será de apenas 15 minutos,
tempo estritamente necessário para fincar lá a bandeira do Brasil e
fazer algumas fotos.
Waldemar Niclevicz foi o primeiro brasileiro a conquistar o
Everest, a montanha mais alta do
mundo. Chegou lá junto com Mozart Catão, alpinista brasileiro que
morreu no início de fevereiro tentando escalar a parede sul do
Aconcágua, na Argentina.
Niclevicz afirma nunca ter pensado na morte. "Eu preciso da
montanha para sentir que estou
vivo. Ela faz parte da minha vida."
Até conquistar os poucos minutos de fama, o alpinista terá percorrido um ano e quatro meses de
preparação. A aventura de Niclevicz começou no dia 20 de março.
Tamanha antecedência se explica. O K2 tem 238 metros a menos
do que o Everest, mas é considerado a montanha mais difícil do planeta para se escalar. "Ela é muito
inclinada, com alternância constante de rocha e neve."
O Everest já foi escalado por 740
alpinistas de todo o mundo. Segundo Niclevicz, para cada sete
êxitos, houve uma morte.
Se conquistar o K2, Niclevicz vai
se juntar a um seleto grupo de 122
alpinistas que até hoje chegaram
ao topo da montanha. No K2, a relação entre êxito e fracasso cai para pouco mais de dois por um. Até
hoje, 53 alpinistas morreram tentando conquistar a montanha.
"Somente os grandes alpinistas
do mundo chegaram lá. Eu estou
tentando ficar entre eles", diz o alpinista, que quer ser o primeiro
brasileiro a conquistar o K2.
Treino
O brasileiro vai tentar escalar a
montanha na companhia do alpinista italiano Abele Blanc. Antes
de se aventurarem pelo K2, os dois
vão "treinar" em três outras montanhas, todas elas com mais de
8.000 metros de altura no Himalaia. No mundo, apenas 14 montanhas superam essa altitude.
Os alpinistas vão aprimorar com
isso o condicionamento físico, a
técnica e a aclimatação do corpo a
essas altitudes. Lá, o ar é rarefeito,
e a concentração de oxigênio é de
apenas 30% da concentração encontrada ao nível do mar.
Com tão pouco oxigênio, uma
pessoa colocada no topo de uma
dessas montanhas sem a aclimatação morreria em poucas horas.
Outro problema enfrentado é o
desgaste físico. O consumo diário
de energia dos alpinistas chega a
ser de 5.000 calorias, quando o
normal é de 2.000 a 2.500 calorias.
Por isso, os alpinistas têm uma
equipe de apoio com dois cozinheiros e um médico. Também
são necessários cem homens apenas para levar os 2.500 quilos de
equipamentos ao pé da montanha.
Vencida a fase de preparação, a
aventura para chegar ao topo do
K2 começa em maio de 1999 e deve
se estender até o início de agosto.
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