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Grupo pára marginal Tietê e enfrenta PM
Moradores de favela e conjunto Bela Vista (zona norte) protestaram contra suposta violência de policiais militares
Manifestantes usaram paus e pedras e a polícia reagiu com bombas; acesso a SP pela rodovia Ayrton Senna foi bloqueado duas vezes
ROGÉRIO PAGNAN
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Armados com paus, pedras e
bombas de fabricação caseira,
um grupo de moradores da favela e conjunto habitacional
Bela Vista, na zona norte de São
Paulo, entrou ontem em confronto com policiais militares
por mais de seis horas em protesto contra a suposta violência
policial praticada contra membros da comunidade.
Pelo menos seis pessoas ficaram feridas no conflito, três delas policiais. Não houve feridos
em estado grave.
O primeiro confronto começou perto das 9h30, quando um
grupo de cem pessoas bloqueou
a marginal Tietê, no acesso a SP
pela rodovia Ayrton Senna
(sentido Castello Branco), com
pneus e madeiras incendiados.
A interdição total desse trecho durou meia hora e criou
um congestionamento de cerca
de quatro quilômetros.
Os policiais que tentaram liberar o trânsito foram apedrejados e revidaram com bombas
de efeito moral, de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Os manifestantes então recuaram para o conjunto, onde o
confronto continuou. Escolas e
creches pararam de funcionar.
Por volta das 14h, houve uma
trégua quando o comandante
da PM da região norte, José
Hermínio Rodrigues, prometeu investigar as denúncias.
Por volta das 18h30, os manifestantes voltaram a interditar
a marginal. A situação só foi
contornada às 20h30, quando
os policiais conseguir transpor
as quatro barricadas de fogo. A
pista só foi liberada, porém,
após a limpeza -que terminou
22h20. O congestionamento
chegou a cinco quilômetros.
Um capitão da PM foi atingido por uma pedra na cabeça e
teve de receber três pontos.
Outros dois policiais foram
atingidos nas pernas e braços
por uma bomba de fabricação
caseira atirada pelos manifestantes. O escudo de um dos
PMs ficou em pedaços.
O carroceiro Wilson Barbosa, 28, foi ferido na orelha pelos
estilhaços de uma bomba de
efeito moral atirada pela PM.
Os estilhaços feriram a perna
de um adolescente. Já uma
adolescente diz ter levado um
tiro de borracha na perna.
Os moradores disseram que
o protesto era contra as agressões e torturas. "A gente não
agüenta apanhar mais. A gente
quer ser tratado como gente,
não como animais", disse o
vendedor Gleison Alves, 18.
Uma policial militar, apelidada de Kate Mahoney -em referência à personagem durona e
violenta do seriado da década
de 80 "Dama de Ouro"-, é
apontada como a mais violenta
entre os agressores. Os moradores não sabem o nome dela.
Vários moradores, que não
quiseram se identificar, disseram que essa policial agride as
pessoas com o revólver, com faca ou com as próprias mãos.
"Ela cortou a orelha de um adolescente que pediu socorro na
minha casa, mas, com medo dela, eu falei para ir sozinho ao
hospital", confirmou outra, que
se identificou como Cristina.
Colaborou o "Agora"
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