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Diários em vídeo viram mania na internet
Em imagens postadas em sites como o YouTube, internautas relatam desde gostos culturais até lugares que frequentam
Moda cria celebridades
na rede, mas há quem exagere na exposição da intimidade e tem a vida particular investigada
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nathalie Jourdan viajou para
Orlando (EUA) com os primos
em janeiro. Caroline Godoi frequenta às sextas-feiras a rua
Frei Caneca, na região central
de São Paulo, e Mariana Gomes
adora se maquiar.
Para saber de tudo isso, não é
preciso ser amigo de nenhuma
delas. Basta acessar a internet.
As três adolescentes criaram
no YouTube diários em vídeo,
chamados pelos internautas de
"vlogs", uma alusão aos blogs,
onde predominam os textos.
A mania vem crescendo nos
últimos meses, principalmente
depois do aparecimento do vlog
"Mas Poxa Vida", de PC Siqueira, que fala com humor sobre
vários temas, de sexo a cinema.
Nos diários, os adolescentes
contam desde livros de que gostam até informações mais pessoais, como o colégio onde estudam, os locais que frequentam e problemas familiares.
Caroline, 17, começou o seu
em março. Com uma máquina
fotográfica que também filma,
ela passou a gravar depoimentos sobre seus dias depois de se
mudar de endereço.
"Vim passar um tempo com a
minha tia e queria que meus
amigos soubessem o que estava
acontecendo na minha vida",
conta. Quando cortou o cabelo,
a novidade logo foi parar no
YouTube. A balada de sexta
também, com direito a fotos.
A carioca Nathalie, 18, já é veterana. Começou a colocar seus
diários com mais frequência no
YouTube há um ano e costuma
contar neles as coisas que acontecem na escola. Com um jeito
engraçado, virou fenômeno na
rede e foi reconhecida na rua.
A popularidade também chegou para Mariana, 19, a menina
que adora maquiagem. Ela começou a entremear dicas de como se maquiar com assuntos de
sua vida pessoal, como viagens.
Acabou contratada por uma
marca de cosméticos para fazer
uma campanha publicitária.
"Aquele diário que as meninas faziam no papel, onde anotavam suas reflexões, deixou de
ser uma coisa secreta e passou a
ser uma coisa popular, compartilhada", diz Mara Pusch, psicóloga do Centro de Adolescência
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
"Os vídeos podem ser positivos quando dão a possibilidade
de o jovem exercitar uma personalidade que não é a dele. Se
ele é mais tímido, fica mais extrovertido", diz a psicóloga.
Exposição
Entre os diários colocados no
YouTube, há vídeos de jovens
de 13 anos falando que "passaram mal" depois de beber.
"Quem vê acha que isso é legal",
afirma Mara Pusch.
Além disso, compartilhar informações pessoais pode trazer
problemas a quem está exposto. Mariana, por exemplo, passou por uma situação assustadora quando começou seu vlog,
há pouco mais de um ano.
Um homem começou a mandar e-mails pedindo para encontrá-la e, pelos vídeos, acabou descobrindo a universidade onde ela estuda. "Fiquei
morrendo de medo de ele aparecer na porta [da faculdade]."
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