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Começa hoje o embate entre Suzane e Daniel Cravinhos
Julgamento terá início às 13h, quando casal irá se reencontrar após três anos e meio
Irmão de jovem será uma das testemunhas da acusação, que pedirá 50 anos de prisão para cada um; júri deve demorar 3 dias
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Três anos e seis meses após
terem confessado planejar e assassinar o casal Richthofen, os
ex-namorados Suzane e Daniel
Cravinhos vão se reencontrar
pela primeira vez hoje, a partir
das 13h, quando terá início um
dos julgamentos mais aguardados dos últimos anos.
Mas os dois, que na época
alegaram ter cometido o crime
por "amor", agora estarão em
lados opostos: um culpará o outro pela idéia do assassinato.
Suzane, Daniel e o irmão dele, Cristian, confessaram ter
planejado e executado o assassinato do casal Marísia e Manfred von Richthofen em 30 de
outubro de 2002. Eles foram
mortos com golpes de barras de
ferro enquanto dormiam.
A confissão só veio à tona nove dias após o crime, quando a
polícia flagrou Cristian com
parte do dinheiro roubado da
casa dos Richthofen. Antes, Suzane e o namorado haviam ido
juntos ao enterro do casal.
O crime teve grande repercussão pelas circunstâncias
que o cercam. Suzane, loura e
bonita, tinha então 19 anos e estudava direito na PUC. Morava
com os pais e tinha uma vida de
classe alta. Os dois rapazes
eram de família simples e estavam desempregados.
Segundo a acusação, os três
cometeram o crime porque
queriam ficar com o patrimônio dos Richthofen. A Promotoria pedirá pena para cada um
que pode chegar a 50 anos (embora, por lei, eles não possam ficar mais de 30 anos na prisão).
Eles são acusados de duplo
homicídio triplamente qualificado -motivo torpe (ficar com
o patrimônio do casal), sem a
possibilidade de defesa das vítimas (Marísia e Manfred dormiam no momento do crime) e
meio cruel (mortos a pauladas).
Os advogados de Suzane vão
alegar que a garota foi induzida
a planejar o crime após pressão
psicológica de seu namorado. A
defesa promete abusar da tese
de que ela era uma "escrava psíquica de Daniel", que a usou para ficar com o dinheiro. O fato
de ela ter perdido a virgindade
com ele também será usada para convencer o júri.
Já a defesa dos Cravinhos,
que não quis falar à Folha, deve
insistir na estratégia que adotou durante a fase de instrução
do processo, de que eles foram
os induzidos por Suzane. Daniel deve afirmar que ela o instigou a matar os pais dela, por
serem contra o namoro dos
dois. Os irmãos devem ainda
alegar que ela dizia ter sido estuprada pelo pai. Suzane nega.
Os advogados da garota pedirão a cisão do julgamento, sob a
alegação de que a defesa será
prejudicada porque seu tempo
será dividido em dois pelos irmãos Cravinhos e Suzane.
Também vai solicitar ao Superior Tribunal de Justiça que o
julgamento dela seja feito em
outra cidade, como São José do
Rio Preto ou Campinas, ambas
no interior do Estado. "A população aqui de São Paulo está
contra ela", disse Mauro Otávio
Nacif, um dos advogados dela.
Ontem, eles passaram a tarde dando as últimas instruções
à jovem, que desde a semana
passada está em prisão domiciliar. Ela, diz Nacif, está muito
ansiosa e mal consegue comer.
Às 13h, entrarão na sala do 1º
Tribunal do Júri as 21 pessoas
convocadas para serem juradas. Através de uma urna, sete
serão sorteados. A defesa e a
acusação poderão recusar três
nomes. O juiz também.
A fase seguinte é a do interrogatório dos réus, que responderão a perguntas do juiz, da
acusação e da defesa.
A defesa de Suzane afirmou
ontem que ela não irá responder às perguntas feitas pelo
promotor Roberto Tardelli.
"Ele é sarcástico e irônico", disse o advogado Nacif.
Depois, acontecerá a leitura
do processo, de cerca de 2.000
páginas. A fase seguinte é a da
oitiva das testemunhas. A Promotoria convocou cinco testemunhas para falar, inclusive o
irmão de Suzane, Andreas, que
disputa a herança avaliada em
R$ 2 milhões com ela.
Já a defesa chamou garotas
que estudavam com Suzane.
Em seguida, será feito o debate entre as duas partes. Terminada essa fase, os jurados
irão para a sala secreta para votar. A expectativa é que o julgamento dure três dias.
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