São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2006

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Começa hoje o embate entre Suzane e Daniel Cravinhos

Julgamento terá início às 13h, quando casal irá se reencontrar após três anos e meio

Irmão de jovem será uma das testemunhas da acusação, que pedirá 50 anos de prisão para cada um; júri deve demorar 3 dias


FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Três anos e seis meses após terem confessado planejar e assassinar o casal Richthofen, os ex-namorados Suzane e Daniel Cravinhos vão se reencontrar pela primeira vez hoje, a partir das 13h, quando terá início um dos julgamentos mais aguardados dos últimos anos.
Mas os dois, que na época alegaram ter cometido o crime por "amor", agora estarão em lados opostos: um culpará o outro pela idéia do assassinato.
Suzane, Daniel e o irmão dele, Cristian, confessaram ter planejado e executado o assassinato do casal Marísia e Manfred von Richthofen em 30 de outubro de 2002. Eles foram mortos com golpes de barras de ferro enquanto dormiam.
A confissão só veio à tona nove dias após o crime, quando a polícia flagrou Cristian com parte do dinheiro roubado da casa dos Richthofen. Antes, Suzane e o namorado haviam ido juntos ao enterro do casal.
O crime teve grande repercussão pelas circunstâncias que o cercam. Suzane, loura e bonita, tinha então 19 anos e estudava direito na PUC. Morava com os pais e tinha uma vida de classe alta. Os dois rapazes eram de família simples e estavam desempregados.
Segundo a acusação, os três cometeram o crime porque queriam ficar com o patrimônio dos Richthofen. A Promotoria pedirá pena para cada um que pode chegar a 50 anos (embora, por lei, eles não possam ficar mais de 30 anos na prisão).
Eles são acusados de duplo homicídio triplamente qualificado -motivo torpe (ficar com o patrimônio do casal), sem a possibilidade de defesa das vítimas (Marísia e Manfred dormiam no momento do crime) e meio cruel (mortos a pauladas).
Os advogados de Suzane vão alegar que a garota foi induzida a planejar o crime após pressão psicológica de seu namorado. A defesa promete abusar da tese de que ela era uma "escrava psíquica de Daniel", que a usou para ficar com o dinheiro. O fato de ela ter perdido a virgindade com ele também será usada para convencer o júri.
Já a defesa dos Cravinhos, que não quis falar à Folha, deve insistir na estratégia que adotou durante a fase de instrução do processo, de que eles foram os induzidos por Suzane. Daniel deve afirmar que ela o instigou a matar os pais dela, por serem contra o namoro dos dois. Os irmãos devem ainda alegar que ela dizia ter sido estuprada pelo pai. Suzane nega.
Os advogados da garota pedirão a cisão do julgamento, sob a alegação de que a defesa será prejudicada porque seu tempo será dividido em dois pelos irmãos Cravinhos e Suzane. Também vai solicitar ao Superior Tribunal de Justiça que o julgamento dela seja feito em outra cidade, como São José do Rio Preto ou Campinas, ambas no interior do Estado. "A população aqui de São Paulo está contra ela", disse Mauro Otávio Nacif, um dos advogados dela.
Ontem, eles passaram a tarde dando as últimas instruções à jovem, que desde a semana passada está em prisão domiciliar. Ela, diz Nacif, está muito ansiosa e mal consegue comer.
Às 13h, entrarão na sala do 1º Tribunal do Júri as 21 pessoas convocadas para serem juradas. Através de uma urna, sete serão sorteados. A defesa e a acusação poderão recusar três nomes. O juiz também.
A fase seguinte é a do interrogatório dos réus, que responderão a perguntas do juiz, da acusação e da defesa.
A defesa de Suzane afirmou ontem que ela não irá responder às perguntas feitas pelo promotor Roberto Tardelli. "Ele é sarcástico e irônico", disse o advogado Nacif.
Depois, acontecerá a leitura do processo, de cerca de 2.000 páginas. A fase seguinte é a da oitiva das testemunhas. A Promotoria convocou cinco testemunhas para falar, inclusive o irmão de Suzane, Andreas, que disputa a herança avaliada em R$ 2 milhões com ela.
Já a defesa chamou garotas que estudavam com Suzane.
Em seguida, será feito o debate entre as duas partes. Terminada essa fase, os jurados irão para a sala secreta para votar. A expectativa é que o julgamento dure três dias.


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