São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007

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Greve de perueiros pode afetar 3 milhões hoje

Categoria ameaça parar 6.500 microônibus em 420 linhas de toda a cidade; ontem, greve parcial prejudicou 350 mil passageiros

Perueiros dizem que portaria reduziu seus ganhos; prefeitura nega redução e ameaça multar quem não circular

GIOVANNA BALOGH
JORGE DURAN
DO "AGORA"

Os perueiros ameaçam fazer hoje uma paralisação geral, o que pode afetar cerca de 3 milhões de passageiros.
Os líderes de cooperativas decidiram cruzar os braços depois da publicação, no sábado, de uma portaria no "Diário Oficial" da Cidade que altera a remuneração da categoria.
Os perueiros dizem que a publicação reduz o valor pago por passageiro transportado. Pelos cálculos deles, haverá uma redução mensal de 15%.
A prefeitura nega qualquer redução. Para o secretário municipal dos Transportes, Frederico Bussinger, a prefeitura seguiu o previsto no acordo entre as partes, que é fazer o reajuste e o reequilíbrio contratual.
"Dizer que houve perdas não é verdade. Não adianta ver o valor unitário [por passageiro transportado], e sim o global", afirmou o secretário.
Presidente do Sindilotação (sindicato dos perueiros), o vereador Senival Moura (PT) disse que se reuniu com as lideranças das cooperativas e que todos decidiram pela paralisação dos 6.500 microônibus. "Vamos fazer greve até que a prefeitura explique o que muda", disse. Ao todo, 420 linhas devem deixar de ser atendidas.
A paralisação começou parcial ontem, quando as cooperativas Cooperpeople e Consórcio Aliança pararam. Os 596 microônibus e 96 ônibus dessas empresas não saíram da garagem. Os grevistas estimam que 350 mil passageiros tenham sido prejudicados.
Os grevistas dizem que antes da portaria recebiam, em média, R$ 1,19 por passageiro. Agora, calculam, passarão a ganhar R$ 1,06 (a tarifa custa R$ 2,30). A categoria quer ainda um reajuste de 7% na remuneração.
O presidente da Cooperpeople, Francisco de Mola Neto, 45, diz que a redução do repasse vai representar uma grande perda financeira. "A empresa vai perder R$ 1 milhão por mês", contabilizou.
Ele e outros diretores da cooperativa foram ontem ao Ministério Público Federal levar uma petição, apontando, de acordo com ele, a inconstitucionalidade da redução.
As viações de ônibus também tiveram o reajuste divulgado, porém informaram que ainda negociam com a prefeitura.
O secretário Bussinger disse que não foi informado oficialmente da greve e afirmou que está aberto para dialogar.
Na área onde ocorreu a paralisação, o ganho mensal "só aumentou nos últimos anos", afirmou o secretário. Ele disse que, em 2006, a média mensal recebida pela área era R$ 9,6 milhões e que, neste ano, é de R$ 10,5 milhões.
Bussinger disse que os manifestantes foram notificados pela SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo em São Paulo) e, caso não voltem ao trabalho, serão punidos com multas e correm o risco de serem excluídos do sistema.


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