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Aluno afirma que trabalha como ajudante
DA REPORTAGEM LOCAL
Pouco mais de um ano
após a implementação do
Ler e Escrever na rede municipal de ensino, professores e
estagiários ainda reclamam
de que são necessários ajustes no projeto.
Para os universitários,
muitas vezes eles são encarados como ajudantes que devem cuidar da disciplina e
ajudar as crianças a tomarem
o lanche ou irem ao banheiro. Para os docentes, falta
uma melhor programação
para que os estagiários sejam
inseridos no processo pedagógico da escola e, assim,
possam ajudar na alfabetização de fato.
"É uma questão de sorte:
se você cai em uma classe
que o professor te dá abertura, é possível trabalhar melhor e auxiliar nas aulas e nas
lições", conta Fernando, aluno de letras da USP, que participa desde o ano passado do
Ler e Escrever. "Mas, em outros casos, você não passa de
um auxiliar de luxo que só
cuida das crianças como uma
babá", disse ele.
Já Cláudio Fonseca, presidente do Sinpeem (o sindicato dos professores municipais) e ex-vereador do PC do
B, afirma que o trabalho teria
melhores resultados se o estagiário também participasse do planejamento escolar e
das reuniões de trabalho dos
professores.
"Eles chegam para ajudar
sem nem saber qual é o projeto pedagógico que a escola
está usando", afirma. "O estagiário acaba ficando com as
questões práticas mesmo,
não é um segundo professor.
Ele cuida, não educa."
Fonseca afirma que, para
uma melhor alfabetização
das crianças, mais necessário
do que estagiários são mais
professores. "Não dá para
ensinar a ler e a escrever em
salas lotadas." O estagiário
Fernando concorda: "Na sala
onde faço o estágio há 36, 37
alunos, dependendo da semana. É muita gente para
uma classe de alfabetização".
Aprendiz
Supervisora de estágios do
curso de pedagogia da Universidade São Marcos, Maria
do Carmo Silva, que orienta
45 alunos da sua instituição
participantes do Ler e Escrever, enfatiza que o estagiário
não é mesmo um segundo
professor. "Precisamos explicar para a comunidade,
para os pais, para as mães,
que ele é um aprendiz, não
tem as mesmas obrigações
que um professor."
De acordo com Maria do
Carmo, o papel dos universitários não é nem assumir o
papel do professor nem ser
apenas um cuidador de
crianças. O trabalho deles é o
de auxiliar as crianças em dificuldade de aprendizagem.
"Recebi umas duas reclamações de estagiários que
acabavam apenas ajudando
em questões como lanche e
idas ao banheiro e os orientei
a conversar com a direção da
escola. A função da universidade é essa: explicar o papel
de cada um", afirma ela.
Problemas pontuais
Alexandre Schneider, secretário municipal da Educação, afirma que os problemas
são pontuais. "Esse é um
processo que exige trabalho
conjunto. É possível que haja
resistência em alguns lugares que, aos poucos, deixarão
de existir."
O secretário também diz
que os estagiários estão sendo incentivados a participar
do planejamento escolar e
que a rede está incorporando
o Ler e Escrever. O projeto,
segundo ele, está em 85% da
rede e deverá chegar a 100%
até o fim do ano.
(DT)
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