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Após fraude, chefe da polícia troca três delegados do Detran
Eles são investigados sob a suspeita de receber propina de grupo preso pela venda de carteiras de motoristas falsas
Delegado-geral da Polícia Civil, que substituiu chefe da Corregedoria do Detran e seus dois auxiliares, diz que não houve "prejulgamento"
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
No dia seguinte às prisões de
19 pessoas suspeitas de vender
cerca de 1.300 CNHs (carteira
nacional de habilitação) falsas,
o governo de José Serra (PSDB)
afastou três delegados que comandavam a Corregedoria do
Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de São Paulo.
As mudanças foram anunciadas ontem pelo delegado-geral
da Polícia Civil de São Paulo,
Maurício José Lemos Freire.
De acordo com a "Operação
Carta Branca", do Ministério
Público de Guarulhos e Polícia
Rodoviária Federal, integrantes da Corregedoria do Detran-SP teriam recebido dinheiro
para não fiscalizar como deveriam a Ciretran (Circunscrição
Regional de Trânsito) de Ferraz de Vasconcelos (Grande
SP), base da quadrilha.
Segundo o delegado-geral, as
mudanças não são um "prejulgamento" dos três delegados.
Ele tirou o delegado Francisco
Norberto Rocha de Moraes da
chefia da Corregedoria do Detran-SP e colocou a delegada
Maria Inês Trefiglio Valente.
Moraes irá para a Academia da
Polícia Civil
Os delegados que auxiliavam
Moraes na corregedoria -Vladimir Constantino Oliveira e
Francisco Gastão Lupi de Castro Filho- foram trocados por
Dirceu Gelk Júnior Attie e Ricardo Ambrósio Fazani. Os delegados Castro Filho e Oliveira
foram os que, em 29 de abril,
realizaram uma blitz na Ciretran de Ferraz.
A "Operação Carta Branca"
apontou que os 19 presos venderam cerca de 1.300 CNHs
por preços que variavam de R$
1.300 a R$ 1.800 em dois anos.
Pessoas impossibilitadas de
dirigir por graves deficiências
físicas e até analfabetos compraram CNH da quadrilha, segundo o promotor Marcelo
Alexandre de Oliveira.
Entre o material apreendido,
a Corregedoria da Polícia Civil
descobriu dezenas de dedos
postiços que, segundo a investigação, eram usados para burlar o sistema de computação
utilizado pelo Detran.
Para burlar o sistema, que
exige que o candidato deixe sua
impressão digital em diversas
fases de avaliação, a quadrilha
usava as digitais de outras pessoas e os dedos falsos.
Os promotores conseguiram
um relatório da Prodesp (Companhia de Processamento de
Dados de SP) que apontou que
a quadrilha usou apenas 64 impressões digitais para emitir
1.305 habilitações.
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