São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

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Após fraude, chefe da polícia troca três delegados do Detran

Eles são investigados sob a suspeita de receber propina de grupo preso pela venda de carteiras de motoristas falsas

Delegado-geral da Polícia Civil, que substituiu chefe da Corregedoria do Detran e seus dois auxiliares, diz que não houve "prejulgamento"

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia seguinte às prisões de 19 pessoas suspeitas de vender cerca de 1.300 CNHs (carteira nacional de habilitação) falsas, o governo de José Serra (PSDB) afastou três delegados que comandavam a Corregedoria do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de São Paulo. As mudanças foram anunciadas ontem pelo delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Maurício José Lemos Freire.
De acordo com a "Operação Carta Branca", do Ministério Público de Guarulhos e Polícia Rodoviária Federal, integrantes da Corregedoria do Detran-SP teriam recebido dinheiro para não fiscalizar como deveriam a Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Ferraz de Vasconcelos (Grande SP), base da quadrilha.
Segundo o delegado-geral, as mudanças não são um "prejulgamento" dos três delegados. Ele tirou o delegado Francisco Norberto Rocha de Moraes da chefia da Corregedoria do Detran-SP e colocou a delegada Maria Inês Trefiglio Valente. Moraes irá para a Academia da Polícia Civil
Os delegados que auxiliavam Moraes na corregedoria -Vladimir Constantino Oliveira e Francisco Gastão Lupi de Castro Filho- foram trocados por Dirceu Gelk Júnior Attie e Ricardo Ambrósio Fazani. Os delegados Castro Filho e Oliveira foram os que, em 29 de abril, realizaram uma blitz na Ciretran de Ferraz.
A "Operação Carta Branca" apontou que os 19 presos venderam cerca de 1.300 CNHs por preços que variavam de R$ 1.300 a R$ 1.800 em dois anos.
Pessoas impossibilitadas de dirigir por graves deficiências físicas e até analfabetos compraram CNH da quadrilha, segundo o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira.
Entre o material apreendido, a Corregedoria da Polícia Civil descobriu dezenas de dedos postiços que, segundo a investigação, eram usados para burlar o sistema de computação utilizado pelo Detran.
Para burlar o sistema, que exige que o candidato deixe sua impressão digital em diversas fases de avaliação, a quadrilha usava as digitais de outras pessoas e os dedos falsos.
Os promotores conseguiram um relatório da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados de SP) que apontou que a quadrilha usou apenas 64 impressões digitais para emitir 1.305 habilitações.


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