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Acusado de torturar crianças em Israel é preso em São Paulo
Judeu ortodoxo que liderava uma espécie de seita em Israel era procurado pela Interpol e se escondia no Brasil
Caberá ao plenário do STF decidir sobre a extradição de Elior Noam Hen, 26; na fuga, ele já havia passado pela Espanha e pelo Canadá
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Interpol prendeu na noite
de terça o israelense Elior
Noam Hen, 26, no Bom Retiro,
centro de São Paulo. Hen é acusado de prática de tortura e lesões corporais gravíssimas contra crianças em Israel para "expulsar o demônio" de seus corpos. Ele estava foragido desde
2006 e chegou ao Brasil no dia
27 de março deste ano.
O israelense foi levado para a
sede da Polícia Federal em São
Paulo, na Lapa (zona oeste).
Segundo o site do jornal israelense "Haaretz", Hen é um
judeu ortodoxo que dava aulas
a um grupo fechado de discípulos, sobre os quais exercia forte
influência (leia ao lado). O periódico ainda diz que duas
crianças que sofreram abusos
de integrantes da seita de Hen
foram internadas em março em
estado grave e que uma delas ficou em estado vegetativo.
Com ele, vieram ao Brasil a
mulher e os quatro filhos. Segundo o chefe da Interpol no
Brasil, o delegado Jorge Barbosa Pontes, a mulher e os filhos
deixaram o país domingo, mas
o destino não foi divulgado.
Antes do Brasil, Hen esteve
no Canadá e na Espanha. "No
início da operação, contamos
com o apoio fundamental das
polícias israelense e canadense", disse. Segundo ele, Hen era
o "principal fugitivo da polícia
israelense" e estava na lista dos
mais procurados pela Interpol.
"O Brasil está deixando de
ser visto como um paraíso para
se tornar o destino final de criminosos", completou.
A operação contou com o
apoio de oito agentes da Polícia
Federal, que trabalharam por
mais de 40 dias no caso. O pedido de prisão preventiva para
fins de extradição do governo
de Israel foi autorizado pelo
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres
Britto em 25 de abril, mas não
foi divulgado por segurança.
Três dias depois, de acordo
com Pontes, os policiais chegaram "muito perto" de prendê-lo em uma sinagoga paulista.
Naquele dia, encontraram a sua
mulher e apreenderam o passaporte de Hen, inviabilizando a
sua saída do Brasil.
"É comum que fugitivos se
infiltrem em suas comunidades. Não encontramos elementos de cumplicidade, mas ainda
estamos investigando. Ele simplesmente se misturou a pessoas da mesma religião, da
mesma nacionalidade e que falam o mesmo idioma", afirmou.
Com a prisão, o caso entra
em outra etapa judicial. Agora
caberá ao plenário do STF decidir sobre a extradição de Hen.
A Folha tentou entrar em
contato com a Embaixada de
Israel em Brasília, mas não obteve resposta até a conclusão
desta edição. A reportagem
também não conseguiu o contato de nenhum advogado do
israelense.
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