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Crianças trabalham em matadouros do Rio Grande do Norte
Blitz do Ministério Público do Trabalho localizou jovens que mantinham contato direto com as fezes dos animais
Maioria das crianças e adolescentes trabalhava sem equipamento de proteção no corte de vísceras e abate do gado
PABLO SOLANO
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma blitz do Ministério do
Trabalho localizou crianças e
adolescentes trabalhando em
matadouros públicos de três cidades do interior do Rio Grande do Norte.
De acordo com a auditora fiscal Marinalva Cardoso Dantas,
os jovens -cerca de 25- tinham contato direto com as fezes dos animais ao trabalhar no
corte de vísceras bovinas.
"São locais perigosos, com
pessoas agressivas", disse. As
blitze ocorreram em Nova
Cruz, São Paulo do Potengi e
João Câmara, localizadas a menos de 100 quilômetros de Natal, e foram resultado de denúncias feitas pelo Conselho
Tutelar de Nova Cruz.
Segundo a auditora, que participou das ações, a maioria das
crianças e adolescentes trabalhava com os pais nos matadouros e não usava equipamentos
de proteção ao atuar no corte
de vísceras, na limpeza e no
abate dos animais.
Dantas disse ainda que muitos desses jovens estavam descalços, em contato direto com o
sangue bovino no chão. Relatou
casos de crianças e adolescentes que disseram gostar de beber o sangue dos animais.
As fiscalizações foram feitas
às vésperas de feiras. Segundo a
auditora, o trabalho começava
a tarde e ia até a madrugada.
"No matadouro de João Câmara, assistimos às mortes
mais brutais dos bois. O animal
era puxado por uma corda por
um adolescente, que lhe cobria
os olhos com um pano e outro
marretava a cabeça do animal,
errando várias vezes, fazendo o
animal gritar de dor", diz trecho do relatório do Ministério
do Trabalho.
A primeira ação ocorreu há
dois meses, em Nova Cruz. As
cidades de João Câmara e São
Paulo do Potengi foram visitadas na semana passada.
Relatórios das fiscalizações
serão enviados para o Ministério Público, que deve instar as
prefeituras a tomar medidas
para acabar com a exploração
do trabalho infantil.
A fiscalização afirmou que os
matadouros devem ser interditados por não cumprirem regras mínimas de higiene.
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