|
Próximo Texto | Índice
Mulher de delegado vende serviços de segurança
Corregedoria apura se chefe da delegacia de Cumbica é dono da empresa
A Cerco Segurança age em casos de sequestro; suspeita é que empresa use servidores públicos para favorecer clientes
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
A Corregedoria Geral da
Polícia Civil de São Paulo investiga o delegado Carlos Alberto Achôa Mezher, chefe
da delegacia do aeroporto de
Cumbica, sob a suspeita de
que ele explore o ramo da segurança privada.
A Cerco Segurança Patrimonial e Vigilância Ltda. é
registrada em nome de parentes do delegado: Mague
Achôa Mezher e Patrícia Verginelli Mezher -mulher dele.
A suspeita é que ele seja o
verdadeiro dono da empresa,
que oferece justamente serviços que são atribuições do
policial: "pronta resposta"
para sequestro e ameaças de
bomba, por exemplo.
A Corregedoria também
investiga se a Cerco, por influência do delegado Mezher, usa servidores públicos
para favorecer clientes -outro serviço oferecido é de
"agilizar a retirada de documentos" como cédula de
identidade e passaportes.
A empresa firmou nos últimos anos contratos de mais
de R$ 4 milhões com o Estado
e a Prefeitura de São Paulo,
segundo documentos da investigação.
A Lei Orgânica da Polícia
Civil não veda participação
de policial como cotista de
empresa privada, muito menos de seus parentes, mas o
policial não deve participar
do dia a dia da empresa, seja
qual for seu ramo.
Mezher não aparece nos
registros da Cerco Segurança, mas a Corregedoria investiga se ele atua por trás dos
negócios.
A delegacia de Cumbica,
onde trabalha Mezher, é vinculada à Divisão e Portos, Aeroportos, Proteção ao Turista
e Dignitários da Polícia Civil.
PROTEGER AUTORIDADES
Outro serviço vendido pela
empresa é de proteção de
dignitários (autoridades).
"A Cerco mantém profissionais com treinamentos internacionais na área de segurança de executivos e dignitários, adestrados de acordo
com modernas tendências
das agências oficiais", propagandeia a empresa.
Alguns dos contratos da
Cerco envolvem a Secretaria
de Estado da Educação, a
CPTM (Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos) e o
autódromo de Interlagos.
Em algumas das ligações
da reportagem para a empresa nos últimos dias, funcionários disseram que o delegado não tem mais ido até lá.
Mezher é bem relacionado. Em fevereiro, ele foi à festa do primeiro aniversário de
Luca, filho de Kaká, camisa
10 da seleção brasileira.
Nas fotos da festa publicadas por uma revista de celebridades, o delegado é abraçado por Ronaldo Fenômeno
e Kaká, junto com o piloto Felipe Massa, da F-1.
Próximo Texto: Outro lado: Delegado diz que nada sabe sobre firma de segurança Índice
|