São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

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Mulher de delegado vende serviços de segurança

Corregedoria apura se chefe da delegacia de Cumbica é dono da empresa

A Cerco Segurança age em casos de sequestro; suspeita é que empresa use servidores públicos para favorecer clientes

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

A Corregedoria Geral da Polícia Civil de São Paulo investiga o delegado Carlos Alberto Achôa Mezher, chefe da delegacia do aeroporto de Cumbica, sob a suspeita de que ele explore o ramo da segurança privada.
A Cerco Segurança Patrimonial e Vigilância Ltda. é registrada em nome de parentes do delegado: Mague Achôa Mezher e Patrícia Verginelli Mezher -mulher dele.
A suspeita é que ele seja o verdadeiro dono da empresa, que oferece justamente serviços que são atribuições do policial: "pronta resposta" para sequestro e ameaças de bomba, por exemplo.
A Corregedoria também investiga se a Cerco, por influência do delegado Mezher, usa servidores públicos para favorecer clientes -outro serviço oferecido é de "agilizar a retirada de documentos" como cédula de identidade e passaportes.
A empresa firmou nos últimos anos contratos de mais de R$ 4 milhões com o Estado e a Prefeitura de São Paulo, segundo documentos da investigação.
A Lei Orgânica da Polícia Civil não veda participação de policial como cotista de empresa privada, muito menos de seus parentes, mas o policial não deve participar do dia a dia da empresa, seja qual for seu ramo.
Mezher não aparece nos registros da Cerco Segurança, mas a Corregedoria investiga se ele atua por trás dos negócios.
A delegacia de Cumbica, onde trabalha Mezher, é vinculada à Divisão e Portos, Aeroportos, Proteção ao Turista e Dignitários da Polícia Civil.

PROTEGER AUTORIDADES
Outro serviço vendido pela empresa é de proteção de dignitários (autoridades).
"A Cerco mantém profissionais com treinamentos internacionais na área de segurança de executivos e dignitários, adestrados de acordo com modernas tendências das agências oficiais", propagandeia a empresa.
Alguns dos contratos da Cerco envolvem a Secretaria de Estado da Educação, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e o autódromo de Interlagos.
Em algumas das ligações da reportagem para a empresa nos últimos dias, funcionários disseram que o delegado não tem mais ido até lá.
Mezher é bem relacionado. Em fevereiro, ele foi à festa do primeiro aniversário de Luca, filho de Kaká, camisa 10 da seleção brasileira.
Nas fotos da festa publicadas por uma revista de celebridades, o delegado é abraçado por Ronaldo Fenômeno e Kaká, junto com o piloto Felipe Massa, da F-1.


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