São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

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Rio-Santos deve ganhar comércio e mais trânsito

Trecho de 7 km da rodovia em São Sebastião poderá receber hotéis e bares

Corredor é rota de quem sai da Tamoios para Ilhabela; proposta do prefeito deve passar neste mês na Câmara

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Um corredor de cerca de 7 km ao longo da rodovia Rio-Santos (SP-55) poderá abrigar hotéis, pousadas, bares, restaurantes, supermercados, postos de gasolina, bancos e outros estabelecimentos vetados hoje no trecho.
A medida tende a complicar o tráfego na região, rota de turistas no litoral norte e que já é um gargalo viário.
A proposta, do prefeito de São Sebastião, Ernane Primazzi (PSC), passou por duas audiências públicas na Câmara e deve ir à votação ainda este mês, com boas chances de aprovação.
Ela também deverá impulsionar a especulação imobiliária de uma área que já é valorizada e concentrar o comércio em torno da via.
Esse trecho da estrada é o único acesso para quem vem da rodovia dos Tamoios em direção a Ilhabela ou a praias da costa sul, como Maresias, Boiçucanga e Camburi.
O Corredor Especial de Comércio abarcaria uma faixa de 50 metros de cada lado da via e cortaria a cidade, inclusive bairros com imóveis de alto padrão, casas de veraneio e marinas de luxo, como Arrastão e Pontal da Cruz.
O trecho urbano da Rio-Santos é administrado pela prefeitura -o restante da via é gerido pelo governo de SP.
Uma das consequências do projeto será anistiar cerca de 30 estabelecimentos irregulares já existentes na área, mas o principal efeito será liberar a instalação de empreendimentos hoje vetados.

PRESSA
"Na temporada, levo 45 minutos para andar 4 km", diz Rosely Santaella, presidente da Associação de Moradores do Arrastão.
Segundo ela, a instalação desenfreada de comércio na região, além de agravar o trânsito, irá afetar a paisagem. "Colocar comércio ao lado da praia vai tirar a vista lindeira", diz Rosely, para quem o projeto atende a interesses econômicos.
A pressa, segundo ela, fica evidente quando a prefeitura apresenta o projeto antes da revisão do Plano Diretor, ainda em gestação. É a mesma ressalva feita pelo vereador Paulo Henrique Santana (PDT), um dos poucos na Câmara a criticar o projeto.
"A cidade está crescendo sem planejamento", afirma.

PROGRESSO
"É o progresso", rebate Eduardo Cimino, presidente da Associação Comercial e Empresarial, para quem o corredor, na prática, já existe. "Ao longo dos anos, vários estabelecimentos se instalaram na informalidade. A vantagem na aprovação da lei é que dá segurança aos futuros empreendedores."
Para ele, há temor exagerado em relação ao projeto. A Folha não conseguiu ouvir o prefeito e o secretário de Obras, Pérsio Mendes.
Em audiência na Câmara, Primazzi disse que o projeto incentiva o comércio, regulariza estabelecimentos existentes e, ao permitir novos investimentos, cria condições para gerar emprego.


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