São Paulo, domingo, 05 de junho de 2011

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Moradia da USP tem vagas de menos e brigas de mais

Dividido por disputa política, Crusp registra casos de violência entre alunos

Agressões se tornaram frequentes; disputa por liderança de associação de moradores aumenta tensão entre estudantes


AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Embaixo das escadas dos prédios de seis andares há dezenas de bicicletas. Nos murais, oferta de jogos de videogame, convites para festas e mostras de filmes.
Ali vivem 1.500 pessoas em quase 500 apartamentos. Outras 1.450 gostariam de entrar. Todos deveriam ser estudantes da USP, mas ex-alunos e moradores que nada têm a ver com a universidade também habitam o local.
Assim é o Crusp (Conjunto Residencial da USP), na zona oeste, e que nos últimos tempos virou palco de brigas entre os alunos. De novembro a maio, ao menos cinco boletins de ocorrência foram feitos por moradores relatando casos de agressões entre eles mesmos e a Guarda Universitária.
Os motivos das brigas são a falta de vagas na moradia e o controle da AmorCrusp (associação de moradores).
A associação é responsável pelo diálogo com a USP em busca de melhorias e movimenta cerca de R$ 6.000 por mês com o aluguel de salas para uma padaria, um salão de beleza e uma copiadora.
Em abril, dizem os estudantes, um guarda agrediu um morador. Os alunos revidaram e, desde então, a segurança deixou de ser feita. A USP contesta, diz que a guarda está "sempre a disposição" e não tem relatos das brigas pois os agentes atuam para proteger o patrimônio e não na atividade policial.
Em outro caso, um aluno diz ter sido ameaçado com uma faca numa assembleia.
As brigas ocorrem no momento em que a USP, motivada pelo assassinato de um aluno, aceita a presença de policiais no campus.

DIVISÕES
Três grupos estão dentro do Crusp. Um é o Novo AmorCrusp, que ocupa a atual diretoria da associação e defende o diálogo com a USP.
O outro é ligado à antiga direção da associação -a gestão Aroeira. Vinculado a movimentos de esquerda dissidentes do PSTU, quer independência na administração do Crusp e que sejam construídas moradias para atender mais 1.450 alunos reprovados na seleção deste ano. A USP não disse se vai construir outras unidades.
Há ainda uma turma, de quase 40 pessoas, que há um ano e três meses, invadiu parte do bloco G, onde antes havia salas administrativas. São da "Moradia Retomada".
Decisão judicial marcou para julho, nas férias, a reocupação do espaço. A USP não se pronunciou sobre a reintegração de posse. Os alunos prometem resistir.


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