São Paulo, domingo, 05 de junho de 2011

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Controle de associação causou o "racha"

Atual diretoria de representantes dos moradores do Crusp chegou a ser destituída por falta de transparência

Problemas, no entanto, vão além; complexo esportivo vira "quarto" enquanto "irregulares" permanecem no Crusp


DE SÃO PAULO

Era quase meia-noite de terça-feira quando uma assembleia do Crusp (Conjunto Residencial da USP) discutia o rumo do movimento de ocupação de um bloco do local e a convocação de uma nova eleição da diretoria da associação dos moradores.
A reunião, realizada no corredor numa noite em que os termômetros do campus registravam 10C, tinha 18 moradores. No bloco ao lado, cerca de 30 pessoas participavam de uma festa.
No encontro do corredor, no momento que a Folha acompanhou o debate, os discursos iam contra uma proposta de instalar uma base da PM no campus.
Já na reunião festiva, o assunto ia do futebol a artes.
"Esses pseudo estudantes não sabem nem fazer assembleia. Poderiam convencer os colegas que só querem bagunçar a brigar por melhorias no Crusp", disse um aluno, de 52 anos, em sua terceira passagem pelo Crusp.
A desmobilização dos estudantes demonstra a divisão criada após a eleição da diretoria da associação, em outubro do ano passado, e a suposta dissolução dela, ocorrida em abril deste ano.
Dizendo faltar transparência na atual gestão, um grupo de alunos convocou uma assembleia que resultou na destituição da diretoria.
No entanto, os diretores não reconheceram o resultado da reunião e dizem que permanecerão nos cargos até o fim da gestão, em outubro.
"Estamos na diretoria, só tivemos nossa sede invadida", disse Celso Borzani, 49, da gestão Novo AmorCrusp.
Na última semana, a Folha esteve na moradia da USP em diversos horários do dia. Ao todo, entrevistou 42 moradores. Quase todos pediram que seus nomes não fossem divulgados porque temem sofrer retaliações da direção da universidade.
Entre eles, estão ocupantes irregulares, que já não têm vinculação com a universidade, mas vivem na residência destinada exclusivamente aos universitários.
"Faz dois anos que me formei. Estou aqui porque ainda não arrumei emprego", diz bacharel em letras -um entre os vários ex-alunos que permanecem no Crusp.

ARQUIBANCADA
Enquanto esperavam uma vaga no Crusp, cerca de cem alunos viveram quatro meses embaixo de uma arquibancada do complexo esportivo da USP. Hoje, 14 estudantes estão lá. Os demais foram para alojamentos do Crusp.
Os alunos reclamam do frio das instalações, de banheiros coletivos que inundam com frequência e da falta de privacidade.
Em cada quarto do alojamento provisório viviam 18 pessoas, enquanto nos apartamentos do Crusp geralmente são dois por quarto.
A situação foi revelada pela Folha em 2007.
No ano passado, a instituição não recebeu novos alunos no local. Agora, no entanto, voltou a instalá-los em baixo da arquibancada do complexo esportivo.
A USP afirma que o local é destinado para receber pessoas por alguns dias.
(AFONSO BENITES)


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