São Paulo, sexta, 5 de junho de 1998

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EDUCAÇÃO
Segundo profissionais da área, empresas não levam resultados do exame em consideração para contratar
Provão é ignorado por mercado de trabalho

MALU GASPAR
da Reportagem Local

Os resultados do Exame Nacional de Cursos, o provão, que ocorre no próximo domingo pela terceira vez, não estão sendo considerados pelas empresas na hora de escolher seus novos profissionais.
Segundo a maioria dos responsáveis por recrutamento nas empresas e pelos conselhos de representação profissional, o provão não é o melhor indicador da qualidade de um candidato.
"O profissional que as empresas nos pedem geralmente tem características que não dependem tanto da formação acadêmica, mas do esforço do estudante em ter qualificações adicionais", diz Sylvana Rocha, gerente-adjunta de atendimento do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola).
Segundo ela, na área de administração, é mais provável que a escolha do profissional esteja vinculada à faculdade de onde vem o candidato. Administração, direito e engenharia civil, foram os primeiros cursos a ser avaliados.
"Mesmo assim, as faculdades que as empresas escolhem são as mais bem conceituadas, e isso não depende do exame."
Essa também é a atitude do Banco de Boston, que contrata profissionais de administração, direito e engenharia. A assessoria de imprensa do banco afirma que estudantes que vêm de faculdades consideradas de primeira linha são preferidos, mas que isso não tem relação o provão.
Para o presidente da comissão de exame da ordem da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Vitorino Antunes Neto, o provão ainda é muito recente e não tem nenhum peso na seleção feita pelas empresas para profissionais de direito.
"O exame deve ser considerado apenas dentro do contexto universitário. Não serve de parâmetro para empresas", diz o advogado.
Discriminação
A discriminação dos candidatos no mercado de trabalho conforme a colocação no provão tem sido um dos principais argumentos da UNE (União Nacional dos Estudantes) para a avaliação.
Desde que o exame surgiu, a entidade defende que o provão não é indicativo da qualidade do futuro profissional, porque só avalia um momento da vida do estudante.
Segundo George Braga, diretor de relações institucionais da entidade, apesar de essa discriminação não estar ocorrendo, ainda há possibilidade de que ocorra, o que ainda preocupa a UNE.
A assessoria de imprensa do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que realiza o provão, afirma que o exame não foi planejado para servir de parâmetro para o mercado, e sim para avaliar a qualidade do ensino nas universidades.



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