São Paulo, sexta, 5 de junho de 1998

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AIDS
Encontro que começa hoje em SP discute prevenção com educadores de todo o país
Escolas têm 6 mil crianças com HIV Sheila Cortopassi, que foi barrada em escola por ter o HIV e que morreu em 93

AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

Pelo menos 6.000 crianças portadoras do vírus HIV estão frequentando escolas públicas e privadas em todo o país. A grande maioria está no primeiro grau. A estimativa é da Apta -Associação de Prevenção e Tratamento de Aids- ONG de São Paulo que promove a partir de hoje um encontro nacional sobre o tema para educadores.
A estimativa da Apta é baseada no número de casos notificados de crianças menores de 13 anos. Segundo a Coordenação Nacional de DST-Aids, cerca de 7.200 crianças já manifestaram a doença desde o início da epidemia. Mais de 60% delas morreram.
"Para cada criança com Aids, há pelo menos três ou mais portadoras do vírus", estima Teresinha Reis Pinto, presidente da Apta. O objetivo do 2º Educaids, o encontro que vai até domingo em São Paulo, é preparar os educadores para lidar com essa realidade.
"Acredito que a maioria das crianças com HIV sabem que são portadoras, mas a escolas não", diz Teresinha. Pesquisa feita pela Unicef e pela Apta mostrou que 70% das escolas municipais de cidades com mais de 100 mil habitantes não têm programas de prevenção. Dos 27 Estados, apenas nove -entre eles São Paulo- têm projeto de prevenção em suas redes de escola.
Segundo Teresinha, os educadores estão mais preocupados com o problema do que os dirigentes de escolas. A disposição também seria maior na rede pública que na rede privada. "As escolas particulares ainda acham que sua clientela é bem informada e assistida."
Dados da Unaids, órgão das Nações Unidas, estimam em 1,5 milhão o número de crianças infectadas no mundo.
Um estudo realizado no Brasil avalia em 183 mil o número de crianças diretamente afetadas pela Aids, aqui somados os filhos de mães vivas doentes ou portadoras do HIV. Entre essas crianças, 10.600 já seriam órfãs de mães vítimas da Aids. O estudo foi coordenado por Miguel Fontes, um dos participantes do Educaids.
Para a psicóloga Rose Munhoz, do Ministério da Saúde, a escola é um local importante na "estratégia de combate à Aids, porque tem alta frequência de mulheres adolescentes", um dos grupos da população que vem correndo maior risco.
O Educaids tem o apoio da Unicef, do Ministério da Saúde e do Programa Estadual de Aids.



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