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SISTEMA PRISIONAL
Em Bangu 7, não há água nas tubulações nem escada nas guaritas; sem piso, pátio externo vira lamaçal
Cadeia incompleta já abriga 511 presas no Rio
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do Estado do Rio recolheu a uma cadeia ainda em
construção 511 presas que cumpriam pena ou aguardavam julgamento em carceragens espalhadas pela região metropolitana.
Em condições precárias, as presas estão confinadas na Casa de
Custódia Bangu 7, no complexo
de Bangu (zona oeste carioca).
A unidade não está pronta. Não
há água nas tubulações. Para obtê-la, a direção recorre ao serviço
de pipas e a outros presídios do
complexo. O piso do pátio externo não foi colocado, o que transformou a área em um lamaçal.
As presas dividem o suposto espaço de lazer com os urubus,
atraídos pelo acúmulo de esgoto
no terreno, decorrente de um vazamento subterrâneo. Nos fundos da unidade, há um depósito
clandestino de lixo.
A segurança da casa de custódia
é bastante precária. As guaritas
externas, instaladas no chão e sobre os muros, ainda não estão iluminadas nem têm vidros para
proteger o vigilante da chuva.
Nas guaritas, falta até escada, o
que impede a observação do alto.
O controle das presas na área interna da casa de custódia é feito
por apenas três agentes penitenciárias a cada 24 horas, quantidade considerada insuficiente pelo
sindicato da categoria.
As detentas de Bangu 7 cumprem pena em regime fechado.
São as mais perigosas do Estado,
segundo a Secretaria Estadual de
Assuntos Penitenciários.
A situação também é ruim para
os funcionários. Os refeitórios estão tomados por material de
construção e entulho da obra.
O único fogão existente é caseiro, insuficiente para o preparo da
alimentação de todas elas. A comida também está vindo de outras unidades. As mesas são de cimento. Os panos que as revestem
foram obtidos pelas presas.
O alojamento das agentes não
tem camas nem móveis. Elas dormem em colchonetes espalhados
pelo chão. Também não há um
posto de atendimento médico, ao
contrário do que ocorre nas demais unidades do complexo.
Superlotação
Embora o objetivo da construção da prisão seja, segundo o governo, minimizar a superlotação
das cadeias convencionais, o problema já ocorre em Bangu 7. A capacidade máxima da unidade é de
500 presas -já há 511 lá.
As presas começaram a ser
transferidas no final de 2002. Estavam nas prisões concentradoras da Polinter (Polícia Interestadual), órgão da Polícia Civil. Ao
longo deste ano, também vieram
para a casa de custódia presas que
cumpriam penas nos presídios femininos Nelson Hungria, que foi
demolido, e Romeiro Neto.
A obra de Bangu 7 está a cargo
da Construtora Norberto Odebrecht. No dia 8 de maio, o "Diário Oficial" do Estado informou
que a empresa estava sendo contratada sem licitação, por R$
782.793,71, para "a complementação da construção" do local.
O "Diário Oficial" de 29 de maio
publicou a informação de que o
Estado atestava o "recebimento
provisório da obra de construção" da unidade. Até a conclusão
desta edição, o governo não havia
informado o custo total da obra.
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