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Polícia investiga ligação de agente prisional com o PCC
Escutas mostram que funcionários das cadeias negociam a facilitação de fugas
Pelo menos cinco servidores estão sendo investigados; sindicatos da categoria admitem a existência de "espiões" entre os colegas
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de São Paulo
identificou, por meio de escutas telefônicas autorizadas pela
Justiça, pelo menos cinco agentes penitenciários ligados à facção criminosa PCC (Primeiro
Comando da Capital), que desde 12 de maio promove uma série de atentados contra as forças de segurança do Estado.
A investigação sigilosa, conduzida pelo Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) e pelo Ministério Público, constatou nos
grampos que esses agentes negociam facilitação de fugas em
troca de dinheiro. Em média, o
salário mensal inicial que é pago a um funcionário prisional
gira em torno de R$ 1.200.
A polícia também investiga
se esses mesmos agentes estão
envolvidos de algum modo com
a morte de colegas a mando do
PCC. Desde o início do ano, 12
foram mortos, afirma a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). Em todo o ano
passado, dois foram mortos.
Por conta dessas mortes de
agentes, os funcionários de cadeias iniciaram uma série de
paralisações. Ontem, a greve
afetava 25 das 144 unidades
prisionais. Em uma delas, o
CDP de Parelheiros, um preso
tentou fugir, sem sucesso, se escondendo em um saco de lixo.
Segundo um delegado do
Deic, que só aceitou falar sob a
condição de que seu nome não
fosse publicado, os cinco agentes ainda não foram presos porque a polícia pretende ampliar
a investigação para chegar aos
"cabeças" do esquema. Além
desses flagrados no grampo,
mais agentes são investigados.
O principal foco da atuação
dos agentes no esquema de favorecimento aos criminosos
está concentrado no presídio
de segurança máxima de Presidente Bernardes (589 km de
SP). Lá estão os principais líderes do PCC nas penitenciárias,
entre os quais Marcos Herbas
Camacho, o Marcola. Funcionários de cadeias de São Paulo e
do interior também foram pegos negociando com presos.
Os dois sindicatos que representam os agentes penitenciários no Estado, Sindasp e Sifuspesp, admitem a presença de
"espiões" dos criminosos entre
a categoria. A admissão, por
meio de concurso público, não
exige, diferentemente da polícia, investigação social -apenas atestado de antecedentes.
São 23 mil agentes no Estado.
Procurada pela Folha, a SAP
não comentou a investigação
sobre agentes penitenciários
até a conclusão desta edição.
CPI
A possibilidade de líderes do
PCC terem comprado gabaritos de concursos públicos para
infiltrar pessoas em órgãos estatais de São Paulo é investigada pela CPI do Tráfico de Armas desde abril.
Em depoimento sobre o funcionamento do PCC no Estado
de São Paulo aos deputados da
CPI, em 10 de abril, o delegado
titular da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos do Deic, Ruy Ferraz Fontes, afirmou que cerca
de 90 integrantes da facção criminosa estão infiltrados em órgãos federais e estaduais.
Colaboraram RICARDO GALLO, da Reportagem
Local, e "Agora"
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