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Senado aprova novo fundo para ensino básico
Proposta de Emenda Constitucional que cria o Fundeb volta para a Câmara
Se projeto não for aprovado a tempo, financiamento de parte da educação entrará em vácuo legal, pois fundo atual expira no fim do ano
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado aprovou ontem a
criação do Fundeb (Fundo de
Desenvolvimento da Educação
Básica), ampliando o financiamento de União, Estados e municípios, atualmente restrito ao
ensino fundamental, para o ensino infantil e médio. A Proposta de Emenda Constitucional
voltou para a Câmara.
O Fundeb foi criado para
substituir o Fundef (Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental),
que expira no fim do ano. Logo,
se o novo fundo não for aprovado a tempo, o financiamento de
parte da educação corre o risco
de entrar em um vácuo legal.
Os líderes partidários no Senado fizeram um acordo para
acelerar a votação, realizando
ontem mesmo as cinco sessões
exigidas pelo regimento interno entre as votações em primeiro e segundo turno de PEC.
A pauta da Câmara, porém,
está trancada por quatro medidas provisórias e quatro projetos com urgência constitucional. O recesso parlamentar vai
do dia 17 ao 31 e depois, até as
eleições, só haverá duas semanas de trabalho nas duas Casas
-a primeira de agosto e a primeira de setembro.
Criado no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, com
duração de 14 anos, o Fundeb
pretende ampliar os recursos
para a educação. O Fundef
abrange 15% dos principais impostos e transferências vinculadas à educação; já o Fundeb
terá 20% desses tributos.
Pela Constituição, a União é
obrigada a aplicar em educação, anualmente, um mínimo
de 18% e Estados e municípios,
um mínimo de 25% da receita
resultante de impostos e transferências de recursos.
A estimativa do relator, senador José Jorge (PFL-PE), é que
no primeiro ano o Fundeb tenha R$ 44 bilhões em recursos
dos Estados e municípios, mais
R$ 2 bilhões da União.
"Assim respondemos ao presidente da República, que culpou o Senado pela não aprovação do Fundeb. A culpa é do governo, que tranca nossa pauta
com medidas provisórias", disse Jorge, candidato a vice-presidente da República na chapa
de Geraldo Alckmin (PSDB).
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
criticou a demora na aprovação
do Fundeb. "Parece que tem
gente que não quer votar, porque, se votar, são mais R$ 4,3
bilhões para a educação, e isso
poderia beneficiar o governo do
presidente Lula", disse ele.
A principal modificação feita
pelo Senado foi a redução do
prazo de transição de quatro
para três anos. A gradação servirá para o valor da complementação da União, de R$ 2 bilhões, no primeiro ano, até R$
4,5 bilhões, no terceiro. A partir
do quarto ano o governo federal
terá que aplicar 10% do total de
recursos do fundo.
Além disso, a União complementará os fundos de Estados e
municípios que não atingirem
um valor mínimo por aluno, a
ser fixado em lei complementar, e a distribuição dos recursos será feita de acordo com o
número de matrículas em todas as etapas e modalidades da
educação básica pública.
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