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CPI do Apagão culpa governo pela crise aérea
Relatório parcial aprovado pela comissão do Senado afirma que o Ministério da Defesa tem "papel meramente decorativo"
CPI da Câmara também diz que governo deve intervir no setor; deputados apresentaram 23 sugestões à Anac para amenizar caos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatório parcial da CPI do
Apagão Aéreo do Senado, aprovado ontem, apontou o Ministério da Defesa, a deficiência
técnica de equipamentos, a falta de recursos, a subestimação
do crescimento do tráfego aéreo e a autorização de linhas aéreas acima da capacidade da infra-estrutura aeronáutica do
país como algumas das causas
da crise nos aeroportos que se
arrasta há nove meses.
O texto, aprovado com os votos de senadores governistas,
afirma que o ministério cumpre "um papel meramente decorativo", com "atuação insignificante" e cometeu "falhas"
que foram responsáveis pelos
transtornos nos aeroportos.
O relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO),
vem defendendo o afastamento
do ministro Waldir Pires (Defesa), por "incompetência".
"Ele é um banana", disse ontem
o senador.
Intitulado de "inoperância
do Ministério da Defesa", o capítulo que trata da pasta informa que "nos últimos anos, o
que se constata é que o ministério cumpriu um papel meramente decorativo". Prova disso
é que "as autoridades foram
surpreendidas pela crise".
As "dificuldades de gerenciamento" e a "incapacidade de fazer frente à crise" por parte do
ministério acabaram, segundo
a CPI, "sobrecarregando o trabalho dos controladores".
Como exemplo, o texto cita o
depoimento à CPI de Wellington Rodrigues, um dos líderes
dos controladores, no qual ele
afirma que a falta de gestão do
ministério deixou "por conta
dos controladores" a responsabilidade pelo sistema.
O TCU (Tribunal de Contas
da União) também atestou o fato. "Tal vazio tem fragilizado o
funcionamento dos órgãos",
disse Lucas Furtado, procurador junto ao TCU em depoimento à CPI.
O ministério é responsável
por supervisionar a Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), a Infraero e o Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), mas não vem
cumprindo esse papel, conforme o relatório parcial aprovado
na CPI do Apagão do Senado,
que listou 16 sugestões para
tentar resolver a crise aérea.
Até a conclusão desta edição,
o ministro Waldir Pires não tinha sido localizado pela Folha
para comentar o relatório.
Para acabar com as filas nos
aeroportos, o relatório sugere
aumentar os preços das passagens em horários de pico.
As companhias também passariam a pagar taxas mais elevadas para utilizar os aeroportos centrais. Sugere ainda que a
Anac revogue ou remaneje linhas com origem e destino em
aeroportos saturados.
CPI da Câmara
Deputados da CPI do Apagão
Aéreo da Câmara também cobraram ontem do governo uma
atitude para conter a crise aérea. Eles apresentaram à diretoria da Anac 23 propostas de
medidas emergenciais para
melhoria de atendimento e informações para os usuários de
aeroportos -a maioria delas
depende do governo para ser
implementada.
Entre as propostas, está a sugestão para que governo, Congresso e a Anac intervenham
para impedir o "duopólio" das
maiores companhias aéreas
brasileiras -hoje TAM e Gol.
Também querem que a Anac
faça o replanejamento da malha aérea e sugerem descontos
no preço da passagem em vôos
fora do horário de pico.
As propostas foram discutidas ontem com a diretoria da
Anac, em Brasília, na presença
do presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira. A
Aeronáutica não participou da
reunião.
As empresas, porém, dizem
que mudanças na estrutura dos
vôos terão como resultado o
aumento no preço das passagens. Em reunião
na última terça, elas resistiram
a essa proposta, feita pela Anac.
Após a reunião de ontem, a
Anac divulgou nota dizendo
que "recebeu de forma positiva" as sugestões apresentadas
pelos parlamentares.
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