São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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Laudos apontam mortes pelas costas no Alemão

Dados sobre a operação policial realizada no complexo estão em relatórios do IML

Das 19 vítimas, 7 foram baleadas pelas costas; governo federal enviou peritos para apuração independente do caso

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Dos 19 mortos durante a operação policial realizada no último dia 27 no complexo do Alemão (zona norte do Rio), sete foram baleados pelas costas -dos quais três à curta distância-, outros dois também receberam tiros à queima roupa e três tiveram as nucas atingidas. As informações estão nos laudos cadavéricos do IML (Instituto Médico Legal).
Após examinar os documentos, o subprocurador de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual, Leonardo Chaves, disse ter estranhado o fato de a quase maioria deles ter sido alvejada por trás. Ele recebeu os laudos do deputado estadual Alessandro Molon (PT), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa.
De acordo com os peritos do IML, foram baleados pelas costas Bruno Rodrigues, Uanderson Ferreira, Rafael Cerqueira, Jairo Caetano, Bruno Rocha, Claudomiro Santos e David Lima. Todos eles receberam tiros em outros pontos do corpo, especialmente cabeça, tórax e abdômen. Na nuca, foram baleados Geraldo Batista, José Farias Júnior e Paulo Santos.
Caberá à Promotoria apurar as circunstâncias das mortes.
Em cinco casos, a perícia do IML constatou tatuagem de pólvora nas bordas dos ferimentos causados pelos tiros. Isso significa que os disparos foram perto das vítimas. Os laudos não indicam a distância.
Tiros como os listados no laudo são indícios de assassinato, embora seja preciso apurar, diz o advogado João Tancredo, presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Três peritos da Secretaria Especial de Direitos Humanos farão apurações "independentes" na semana que vem, disse.
Ontem, esses peritos enviaram à Chefia de Polícia Civil, a qual o IML é subordinada, ofício em que pedem providências sobre 15 quesitos -entre os quais está a apresentação das roupas que as vítimas vestiam.
Parentes de mortos e moradores do Alemão acusam a polícia de arbitrariedades na operação. A polícia nega.


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