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SP já possui uma câmera para cada 16 habitantes
Até o metrô começou monitoramento do interior dos vagões em tempo real
Para associação de empresas do setor de vigilância eletrônica, cidade tem pelo menos 600 mil câmeras, em uma estimativa conservadora
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem anda num dos cinco
novos vagões com ar-condicionado da linha verde do metrô
não sabe, mas deveria sorrir,
porque está sendo filmado. Os
novos comboios têm 26 câmeras -quatro por vagão, mais
duas externas no primeiro e no
último carro da composição.
A imagem é transmitida em
tempo real para um monitor na
cabine do maquinista. Até o final deste ano, outros 16 novos
trens com a mesma tecnologia
devem entrar em operação, e
mais 98 antigos estão em reforma para se equipar de câmeras.
Menos de dois anos atrás, o
Metrô inaugurou um centro de
controle de segurança para monitorar as estações, que hoje
têm 930 câmeras vigiando as
plataformas -e os usuários.
Em um ano, elas serão 1.318.
"Mentira que estamos sendo
filmados. Como não tem aviso
disso?", diz Ângela Gonzaga,
que andava anteontem na linha
que cruza a avenida Paulista.
Os olhos biônicos do sistema
de transporte subterrâneo são
um indicativo de que a cidade
está cada vez mais na mira das
lentes de vigilância.
Dados da Abese, a associação
das empresas de segurança eletrônica, mostram, na estimativa mais conservadora, que São
Paulo já tem 600 mil câmeras,
uma para cada 16 paulistanos.
Há dez anos, elas eram 50 mil.
"No momento em que sai de
casa, todo mundo já passa a ser
gravado. Tudo é possível de ser
monitorado", diz Selma Migliori, presidente da entidade. As
poucas exceções livres de gravação são o interior de banheiros e de provadores de roupa.
Instaladas recentemente até
em cemitérios para evitar o furto de restos mortais e de objetos dos túmulos, as câmeras estão instaladas nas regiões com
maior circulação de pessoas,
como a avenida Paulista e no
comércio popular da rua 25 de
Março, e em bairros de maior
poder aquisitivo, como Jardins,
Itaim Bibi e Morumbi.
Num condomínio, um sistema de circuito interno de TV
pode custar R$ 100 mil.
Só a prefeitura tem 3.585 câmeras, controladas em sua
maioria pela Guarda Civil, pela
SPTrans, pela Secretaria da
Educação (para vigiar as escolas públicas) e pelo departamento de trânsito. A Polícia
Militar tem mais cem instaladas e outras 30 em teste.
As da CET nas marginais, por
exemplo, têm alcance de quatro quilômetros em zoom. A
primeira delas, ainda em operação, foi instalada há 25 anos.
Todas passam por restauração
para modernização e devem ficar prontas em outubro.
Somados radares e câmeras,
a companhia de tráfego tem
605 aparelhos para monitorar
o trânsito e aplicar multas.
"Tendo a violência como desculpa e o medo das pessoas como justificativa, invade-se a intimidade. O nível de neurose e o
medo aumentaram, mas a sensação de segurança da população não é maior com esse aparato", diz Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da
Violência da USP.
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