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Pacientes da gripe suína dizem ter sofrido discriminação
Vítimas relatam que entre seus amigos e até no hospital onde fizeram os exames pessoas evitavam manter contato mesmo após período de isolamento
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A disseminação da gripe suína e a paranoia que se criou em
torno da doença têm colaborado para que infectados e quem
teve contato com algum doente
sintam-se discriminados.
A estudante de jornalismo
Eloá Orazem, 22, conta que recebeu esse tratamento no dia
de seu aniversário, 23 de junho,
quando já tinha certeza de que
tinha a gripe -ela ficou com os
mesmos sintomas de uma amiga que havia recentemente
chegado da Argentina doente.
"Ninguém quis me dar um
abraço. O que mais incomodou
foram as piadinhas do tipo "deixa eu ficar longe" ou colegas cobrindo o rosto ainda achando
que estão sendo engraçados."
Ela conta que começou a sentir a reação já no Instituto de
Infectologia Emílio Ribas, onde
foi fazer o exame da gripe. No
local, pacientes a olhavam com
apreensão e evitam ficar próximos dela ao verem que levava
uma máscara no rosto.
Eloá pôde finalmente comemorar seu aniversário após sair
do isolamento de sete dias em
sua casa. Mesmo após esse período, que é quando a doença
pode ser transmitida, uma amiga ainda evitou abraçá-la.
Já de volta ao trabalho em
um escritório de comunicação,
outra colega, que se senta ao
seu lado, permanece apreensiva. Porém, para Eloá, passado o
pior, esse tipo de reação já é
motivo de descontração.
Família
Outra universitária que contraiu a gripe e pediu para não
ter o nome revelado afirmou
que conhecidos passaram a telefonar durante seu isolamento
para confirmar se ela estava
mesmo com a gripe suína. "Alguns diziam que também já estavam com sintomas. O pessoal
é bastante hipocondríaco."
A estudante também diz ter
percebido que pessoas no Emílio Ribas procuravam distância.
Sua família também vivenciou reações semelhantes. O irmão foi dispensado do colégio
porque comentou a situação
com um colega -a novidade logo chegou à diretora; o tio, após
receber a notícia da doença da
doença da sobrinha, também
foi dispensado; a mãe, que é comerciante, teve que trabalhar
sozinha, pois as vendedoras da
loja recusaram-se a comparecer; e, por fim, no local de trabalho da universitária, as atividades foram suspensas.
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