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Computador novo fica "encostado" em DP
Dos 15 mil equipamentos comprados pela polícia, 10 mil têm sistema Linux, incompatível com alguns programas
Polícia afirma que
novos aparelhos são
usados; delegados,
porém, diz que alguns
nem saíram das caixas
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Dois terços dos novos computadores entregues pela Secretaria da Segurança Pública às delegacias de São Paulo
não conseguem acessar alguns dos programas usados
na investigação policial.
Das 15 mil máquinas compradas e instaladas desde dezembro, 10 mil têm sistema
operacional Linux. O problema é que softwares para fazer
interceptações telefônicas e
reconhecimento de suspeitos, entre outros, só são compatíveis com a plataforma
Windows, da Microsoft.
Com isso, diversas delegacias têm máquinas novas,
mas paradas. Em duas, na
capital paulista, 15 computadores ainda estão nas caixas.
Um delegado, que pediu
para não ser identificado,
confirmou o problema.
O governo paulista gastou
R$ 37,2 milhões. Segundo a
Polícia Civil, o Linux é uma
forma de incentivar o uso do
software livre, que não requer licença de uso.
E o sistema é menos vulnerável a vírus, disse André
Dahmer, diretor do Dipol
(Departamento de Investigações da Polícia Civil).
Para ele, o ponto negativo
é que há pouco suporte técnico para Linux.
A Associação dos Delegados de SP elogia o uso de softwares gratuitos, mas diz que,
antes, é preciso adaptar o sistema de investigação e dar
treinamento aos policiais.
"Quando não temos um
usuário habilitado, perdemos muito tempo explicando
o funcionamento do sistema.
Esse tempo poderia ser gasto
com a investigação", disse o
secretário-geral da associação, Alan Bazalha Lopes.
PROGRAMAS
Dos seis principais programas da polícia, três não são
compatíveis com Linux. O
Guardião (de interceptação
telefônica) e o Ômega (pesquisa no banco de dados da
polícia) exigem Windows.
O Phoenix, usado no reconhecimento de suspeitos,
ainda passa por melhorias
para se tornar compatível.
Além disso, programas da
Secretaria da Fazenda, em
que os delegados enviam dados para fazer o pagamento
dos funcionários, e o da Imprensa Oficial só reconhecem o sistema Windows.
O registro de boletins de
ocorrência não enfrenta esse
problema, segundo a polícia,
pois aceita tanto Linux quanto Windows.
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