São Paulo, terça-feira, 05 de julho de 2011

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Câmara libera venda de terreno no Itaim

Sob protestos de moradores, vereadores aprovam negócio envolvendo área nobre da zona oeste de São Paulo

Kassab vai pedir a construção de 200 creches em troca do imóvel avaliado em cerca de R$ 38 milhões

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Sob os gritos de "vergonha" entoados por manifestantes, vereadores paulistanos aprovaram ontem a venda de um quarteirão no Itaim Bibi, zona oeste, a construção de um túnel de 2,3 km na zona sul e o reajuste dos salários do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e de seus secretários.
Havia cerca de 50 moradores na galeria, a maioria com o objetivo de tentar impedir a autorização para que a prefeitura negocie com a iniciativa privada uma área de 20 mil m2 em uma das regiões mais valorizadas da cidade.
O terreno tem uma creche, duas escolas, uma biblioteca, duas unidades de saúde, um teatro e um prédio da Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).
A aprovação, em votação final, se deu por 35 votos a favor, 16 contrários e uma abstenção. Com a sanção de Kassab, a prefeitura poderá abrir licitação para a venda.
A área é avaliada em R$ 38 milhões, mas não haverá dinheiro no negócio. O objetivo da prefeitura é conseguir que a empresa vencedora construa 200 creches para 32 mil crianças -a fila por uma vaga na rede municipal tinha em março 127 mil crianças.
Kassab quer vender outras 19 áreas -todos os projetos foram aprovados em duas votações. O único polêmico foi o do Itaim Bibi, por conta dos equipamentos públicos.
Os vereadores aprovaram um substitutivo de Claudio Fonseca (PPS), aliado do prefeito, que obriga o remanejamento dos equipamentos públicos para uma área não utilizada do parque do Povo, a cerca de 500 metros do local.
Superada a barreira na Câmara, Kassab deve enfrentar ações na Justiça, mais protestos e até um processo de tombamento aberto pelo Condephaat (órgão do patrimônio histórico estadual) em abril.
Também sob protestos, os vereadores aprovaram projeto de Kassab que atualiza a Operação Urbana Água Espraiada, criada pela prefeita Marta Suplicy (PT) em 2001, para viabilizar intervenções urbanísticas que, estima-se, afetarão 50 mil pessoas.

TÚNEL
A mudança mais polêmica é a extensão do túnel planejado para a avenida Jornalista Roberto Marinho, que irá prolongar a via até a rodovia dos Imigrantes -a obra, que inicialmente tinha 400 metros, agora terá 2.350 metros.
Aliado a outras intervenções, como a extensão da avenida Chucri Zaidan e a construção de um parque linear, deve levar à desapropriação de moradias e estabelecimentos comerciais na zona sul. Só de moradores de favelas, a estimativa é remover cerca de 10 mil famílias.
Caso Kassab consiga contornar outras resistências ao projeto, as obras podem começar no segundo semestre.


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