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LIXO
Medida visa reduzir descarte irregular diário de cerca de 12 mil toneladas de resíduos da construção civil em vias públicas
SP descentraliza recebimento de entulho
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Regularizar áreas onde caçambeiros e caminhões possam entregar o entulho, que passará, então,
por uma triagem, na qual o material reaproveitável será separado e
posteriormente vendido para reciclagem ou uso na construção civil e pavimentação, enquanto o
restante será acumulado e encaminhado para o aterro de inertes
de Itaquera (extremo da zona leste da cidade de São Paulo).
É essa a principal solução encontrada pela Prefeitura de São
Paulo para reduzir o despejo irregular de cerca de 81% de todo o
resíduo de construção gerado na
capital paulista -ou cerca de 12
mil toneladas diárias de um material cuja porcentagem de reaproveitamento supera os 80%.
O projeto prevê a implantação
de entre oito e dez Áreas de
Transbordo e Triagem (ATTs)
em toda a cidade, o que acabaria
com a necessidade de longas jornadas até Itaquera, diminuindo
os custos do transporte e facilitando a vida dos caçambeiros, que,
muitas vezes, por causa da distância, despejam os resíduos em
qualquer lugar pelo caminho.
Mais que isso, ao fazer a separação do que é reaproveitável, as
ATTs incentivariam a reciclagem.
A idéia é aprovada pelo Sieresp
(sindicato dos caçambeiros) e especialistas da área de resíduos.
Vai ao encontro também da mais
recente resolução do Conama
(Conselho Nacional do Meio Ambiente), que dá um prazo de até
dois anos e meio para que prefeituras e grandes geradores implantem um plano de gerenciamento
integral do entulho (leia abaixo).
Além de prejudicar o ambiente
e a drenagem da cidade, favorecendo as enchentes, o entulho jogado nas ruas e córregos representa um gasto médio de R$ 20
milhões anuais para o município.
Por lei, o poder público só tem a
obrigação de recolher o resíduo
gerado por pequenas reformas
-até 50 kg. Mais que isso fica sob
a responsabilidade do gerador
que deve contratar uma caçamba
cadastrada no Limpurb (Departamento de Limpeza Pública). Na
prática, porém, quando o entulho
é despejado na via pública, torna-se um problema da prefeitura.
Iniciativa privada
Segundo o decreto municipal
42.217, publicado na semana passada, as ATTs serão implantadas e
operadas pela iniciativa privada.
Os interessados deverão consultar a Secretaria do Planejamento
Urbano sobre as diretrizes urbanísticas do empreendimento e
apresentar um projeto à administração regional correspondente,
que o submeterá à Secretaria da
Habitação e, após análise, expedirá a licença de funcionamento.
A idéia é ter entre oito e dez
ATTs regularizadas. A primeira
delas certamente será a de Gentil
Ribeiro Ferraz, 53. Trabalhando
no ramo de caçambas há cinco
anos, ele resolveu, há três, implantar o primeiro local de transbordo e triagem da cidade. Mesmo operando de forma irregular,
a iniciativa deu tão certo que serviu de inspiração para prefeitura
disseminar a idéia (leia ao lado).
"Sabemos que existem mais
duas ou três áreas de transbordo
que funcionam na área cinzenta
da ilegalidade e poderão, com as
devidas adequações, se regularizar", afirma Dan Moche Schneider, assessor técnico do Limpurb.
Isso significa, entre outros, ser
uma área cercada, identificada e
ter equipamentos de segurança,
além de só receber resíduos considerados inertes (que não reagem), o que exclui, por exemplo,
tintas e solventes. Devem também
separar materiais para os quais
ainda não há tecnologia viável de
reciclagem, caso dos derivados de
gesso, e enviá-los para Itaquera.
Um encontro com o Sieresp deve acontecer até a próxima semana para que o poder público tenha
uma idéia de quantos caçambeiros têm interesse em abrir ATTs.
Pontos de entrega
O projeto da prefeitura para a
gestão dos resíduos de construção
civil inclui ainda a implantação,
em áreas municipais, de 98 pontos de entrega de entulho, um em
cada distrito da cidade, que poderão receber até cerca de 750 toneladas de resíduo por pessoa. O
processo, porém, está atrasado.
A primeira área deve começar a
funcionar ainda neste ano na regional da Vila Maria/Vila Guilherme (zona norte de SP). A fiscalização também continuará
sendo uma arma contra o descarte irregular: desde novembro do
ano passado, o Limpurb já
apreendeu mais de cem caminhões jogando entulho em vias
públicas da cidade.
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