São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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VIOLÊNCIA

Sequestradores de estudante pediram R$ 10 mil, mas após oito horas reduziram valor; rapaz conseguiu fugir e 2 foram presos

Grupo aceita moto e vídeo como resgate

DO "AGORA"

Um estudante de odontologia ficou oito horas nas mãos de sequestradores, tempo suficiente para que o valor pedido pelo seu resgate caísse de R$ 10 mil para R$ 350, uma moto e um videocassete.
Adriano Leite Schirm, 25, conseguiu escapar quando saía do cativeiro, no momento em que os bandidos o levavam para o local onde seria pago o resgate. Um dos sequestradores viu um policial por perto e o grupo ficou assustado, facilitando a fuga de Schirm.
"Corri por uns oito quarteirões e me escondi debaixo de um caminhão de feira. Aí parei num orelhão e liguei para o 190", disse ontem o estudante.
Quando os policiais chegaram, Schirm levou-os ao local do cativeiro. Lá, os policiais encontraram os documentos de Emanoel Costa Almeida, 20, e Daniel Demitrov, 19.
A partir daí, a DAS (Delegacia Anti-Sequestro) localizou os dois na casa de Almeida. Aos policiais, os dois ainda falaram que outro rapaz, identificado como Jesus de Deus Aparecido dos Santos, também teria participado do sequestro. Santos ainda está foragido, segundo a polícia.
Schirm, sua namorada, Valéria Barbosa, 23, e dois amigos foram abordados pelos criminosos perto das 22h de sábado, quando o estudante mexia no porta-malas de seu Ômega, no Tatuapé (zona leste de São Paulo).
Os sequestradores entraram no carro com os quatro jovens e mandaram o estudante dirigir até um caixa eletrônico.
Como os caixas não funcionam após as 22 horas, decidiram levar Schirm como refém. Deixaram Valéria e os amigos no terminal São Mateus e seguiram ao local do cativeiro, no Carrãozinho.
A negociação foi feita com um amigo do estudante. Os sequestradores pediram R$ 10 mil até as 6h do dia seguinte.
"Meu amigo disse que não tinha o valor e [eles" foram abaixando. Até que decidiram ficar com a moto do meu amigo, que assinaria um documento passando para o nome deles, R$ 350 da minha namorada e um videocassete, que iria amarrado na garupa da moto", afirmou o estudante.
Schirm afirmou que foi bem-tratado pelo grupo durante todo o tempo em que foi mantido refém.
De acordo com José Eduardo Zapi, delegado da DAS, os dois rapazes presos não tinham antecedentes criminais, mas conheciam todos os procedimentos de um sequestro. "O azar deles foi Schirm lembrar o caminho de volta", afirmou o delegado.
De acordo com informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública, foram registrados 199 sequestros neste ano e houve um crescimento de 46% dos casos comparando-se o segundo trimestre de 2001 e o de 2002.



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